Quando criança, ficar acordado durante a passagem de ano era tradição na minha família. Meu pai geralmente acordava a mim e aos meus irmãos para que pudéssemos contemplar o nascimento do novo ano.
_Acorda César para ver o ano novo!
_ Dizia meu pai.
Eu, naquela sonolência, acordava e olhava para o céu e se não fosse pelas luzes que se apagavam ou pelo foguetório que soltavam pelas ruas da cidade nada podia ver de novo.
Em meus pensamentos de menino, imaginava como se o céu do ano velho desse lugar ao céu do ano novo, mais ou menos, como acontece quando trocamos os lençóis das camas.
Mas, nada! Nada acontecia.
Enquanto via todos comemorarem a "passagem de ano", fechava meus olhos seguindo algo instintivo e fazia os meus pedidos para o ano novo.
Saúde, Paz, Felicidade, ...
Não era nada pequena, a minha lista.
Coincidêcia ou não, esses são exatamente os mesmos pedidos que tenho feito por todos os anos.
Hoje, conforme se pode perceber, estou acordado e continuarei até bem depois da meia noite. Agora faço cumprir a tradição familiar e tentarei acordar meu filho quando o relógio bater meia noite no horário antigo.
O ano de 2010 se despede de nós com grandes marcas ambientais, políticas e sociais.
Se por um lado trouxe a esperança, alavancada pelo crescimento econômico do país e porque muitas famílias brasileiras conseguirão se alimentar no dia primeiro de Janeiro. de 2011, por outro nos fará permanecer em alerta com os desastres naturais que entraram em um ciclo de grande intensidade.
O governo da presidenta Dilma vive o momento das flores. O presidente Lula deixa um legado de paz e prosperidade, mas sabemos que boa parte dos políticos que ocuparão cargos importante no governo compactuam com alianças muito contraditórias.
O meu desejo para o ano que se inicia é tão somente o mesmo de todos os anos, só que eu não desejo apenas para mim, desejo para cada cidadão do mundo. Que possa viver com a digninidade plena que se almeja para os seres humanos.
Eu agradeço a Deus por ter nascido em solo brasileiro e nele desejar permanecer por cada dia de minha vida. Principalmente porque sei que as relações humanas em muitos países em nada contribuem para o processo de paz. Não quero aqui desnudar os erros que se apresentam mundo afora. Quero apenas desejar que cada líder de nação reflita sobre o que ocorre em sua pátria e sonhe com a melhoria das relações humanas. Quero desejar que o mundo não viva um processo de faz de conta, mas que trabalhe efetivamente para a erradicação da miséria e das doenças que afetam a humanidade. Quero desejar que os cidadãos do mundo concordem que não podemos mais desperdiçar os recursos naturais com a invenção de guerras que em nada serão de utilidade para o salto qualitativo que a humanidade deseja dar na evolução do pensamento.
Eis o presente que quero de ano novo.
Em minha casa existe pão, água e paz,
Em meu coração existe sonho, esperança e paz,
Dentre os que estão próximos a mim, existe paciência, resiliência e paz.
Mas, neste momento, em muitos lugares pelo mundo, existe alguém, cujo lar foi invadido pela águas,
cuja panela está vazia sobre um fogão sem chama,
cuja seca esturricou a plantação,
cuja alma está tomada pelo desespero,
cujo corpo agoniza pela dor,
cuja esperança está no porvir,
Que não deseja muito.
Que precisa de um abraço,
Que precisa ser carregada no colo,
Que precisa saciar a sede,
Que precisa de um pedaço de pão.
Pão está sobrando em muito celeiros,
Água limpa caminha para ribeirões contaminados.
A quem cabe a decisão?
Seria pedir muito?
Pão para todos,
Água para todos,
Paz para todos.
Os meus únicos três pedidos. Eis os presentes de ano novo.
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