A ESCOLA DO POVO E PARA O POVO - GESTÃO DE UMA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE COM O PENSAMENTO VOLTADO À PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO DE PAULO FREIRE

O que é o CEP-Saúde Planaltina?

O O Centro de Educação Profissional de Saúde de Planaltina - CEP-Saúde é uma instituição que oferta cursos técnicos em nível médio de enfermagem, nutrição e dietética e saúde bucal devidamente autorizados pelo Conselho de Educação do Distrito Federal - CEDF, além de Cursos de Formação Inicial e Continuada - FIC.
Atualmente se encontra em tramitação para autorização de funcionamento junto ao CEDF, o Curso Técnico em Análises Clínicas. 

A escola foi fundada no ano de 1998, pelo então governador do Distrito Federal, Professor Cristovan Buarque. Sua concepção foi planejada a partir de demanda apresentada no orçamento participativo representantes da comunidade, dentre os quais os representantes da Diretoria Regional de Saúde.

Com a inauguração do CEP-Saúde, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, que à epoca ofertava o Curso Técnico em Enfermagem na cidade de Ceilândia decidiu transferi-lo para Planaltina, o que gerou forte descontentamento dentre os professores atuantes no curso e naquela comunidade em geral. Ao longo do tempo, todos os professores daquela época se afastaram do curso por licença sem vencimento ou por exoneração. No ano de 2011, retornaram para a instituição dois daqueles profissionais licenciados.

Até o anos de 2010, o processo de formação dos alunos dos cursos técnicos constava de basicamente três etapas: formação teórica em espaço restrito de sala de aula, formação teórico-prática em aulas de laboratório e, formação prática em aulas na rede pública e particular de saúde em planaltina e outras cidades do Distrito Federal e em lares de acolhimento ao idoso. A partir de 2011, foi desenvolvido um sistema de atividades complementares optativas, nas quais os alunos do CEP-Saúde, passaram a atuar em escolas, creches em eventos promovidos pela comunidade, a exemplo do Projeto Qualificando os Espaços Públicos, promovido pela Administração Regional e Planaltina que prevê a revitalização de espaços públicos e a promoção, de ações sociais com esporte, cultura, lazer e campanhas de saúde pública.

A nova equipe gestora

No início do ano de 2011 fui convidado pelo coordenador da Coordenação Regional de Ensino  de Planaltina Centro de para assumir a direção do CEP-Saúde. A indicação para o cargo ocorreu em meio a um processo que se desencadeou a partir da posse no novo governador do Distrito Federal e visava, dentre outras coisas, a expansão das linhas de ação da instituição. A minha indicação obedeceu à critérios técnicos dado ao reconhecido interesse pelo trabalho voltado à interação social.

Assumi a escola, tendo consciência que já havia uma equipe montada, que estava disposta a colaborar com a organização inicial e que conforme a necessidade fosse surgindo, haveria a abertura para a recomposição da equipe. Equipe esta que até o presente momento se encontra eme fase de recomposição dada a dinâmica que foi se estabelecendo, por motivação individual ou coletiva.


A posse para o cargo de diretor não se deu sem trauma. De imediato enfrentamos a ação judicial promovida pela equipe anterior que recobrava o direito de permanecer como direção, embora já o tenha sido por 12 anos consecutivas. No entanto, reconhecida a inexistência de mérito, foi denegada a ação pelo poder judiciário.

O primeiro grande impasse na instituição aconteceu dentro de nossa própria equipe. Segundo parte do grupo, não seria prudente manter as pessoas que compunham a equipe anterior, atuando na instituição. Havia o receio de que o nosso trabalho fosse inviabilizado. Por outro lado, e recordando situação enfrentada por mim e por outros companheiros em anos anteriores, intervi em suas decisões pessoais em suas decisões pessoais. Os que quiseram permanecer, permaneceram, e os que quiseram se afastar da instituição, se afastaram. Afinal de contas, a escola que recebi continha uma história que foi construída sob o suor de muitos, esquecer esta história, na perspectiva freiriana seria um ato desumanizante e desumanizador. As consequências deveriam ser enfrentadas e o embate político deveria acontecer segundo as necessidades da escola e não segundo a minha própria vontade ou a de mais alguém individualmente. Além do mais seria ingênuo esperar que todos os colegas na escola partilhassem da mesma opinião da nova equipe gestora, e mais ainda, estivessem dispostos a contribuir positivamente com uma proposta iniciada pelo processo  de exclusão. Sobretudo porque a exclusão sumária de qualquer pessoa da escola, fomentaria o rumor da insegurança e a consequente rejeição a minha própria pessoa. De sorte que, das quatro pessoas da equipe anterior, permaneceram na escola, a ex-diretora e uma das ex-supervisoras pedagógicas, os demais embora contra minha vontade, optaram por se afastar. Algum tempo depois, a ex-diretora foi eleita coordenadora pedagógica pelo grupo e a ex-supervisora pedagógica foi contemplada com o afastamento remunerado para o curso de pós-graduação. Esta, inclusive, desenvolve a aplicação de sua proposta de trabalho justamente no CEP-Saúde.


Os primeiros passos

Nas primeiras reuniões que tive com a equipe gestora, composta por um diretor, uma vice-diretora, uma supervisora pedagógica e o secretário escolar, informei que a natureza da minha presença na escola era de indicação política, mas gostaria de que me apoiassem na construção de um projeto de trabalho observando os princípios democráticos e que as nossas decisões deveriam ser tomadas em equipe. Informei também, que aceitei o desafio do cargo sem sem objeções. Considerando a iminência da realização do processo eleitoral, gostaria de que aquela equipe se preparasse para concorrer ao pleito, considerando que já trabalhavam na escola e que eu, sendo introjetado na equipe, não me sentia no direito de concorrer ao cargo naquele momento.


Aos demais profissionais que trabalhavam na escola, informei que o meu desejo era o de que cada um permanecesse na instituição para que juntos pudéssemos dar andamento ao projeto de trabalho que ajudaram a construir e do qual fizeram parte.


Entre os meses de fevereiro e março de 2011, enquanto a vice-diretora, a supervisora pedagógica, o secretário e os coordenadores pedagógicos eleitos se esforçavam para compor as turma para o início da aulas, me empenhava junto a DEEDF para reunir o corpo docente necessário, por meio do acompanhamento do processo de contratação temporária nas intermináveis reuniões promovidas pela SEEDF. Finalizado este processo, chegou a vez de fixar o olhar na escola e na comunidade a sua volta para compreender a dinâmica de funcionamento tendo em vista o processo de transformação do CEP-Saúde em uma escola do povo e para o povo, na perspectiva freiriana.


Os paradigmas 

Segundo a estrutura organizada pela equipe anterior o CEP-Saúde atuava em duas frentes distintas:


- Cursos Técnicos: enfermagem, nutrição e dietética e saúde bucal. Com carga horária superior a 1800 horas diretas.


-Cursos FIC: assistente de laboratório, massagem terapêutica, atendente para clínicas e hospitais, atendente de farmácia, merendeiro, cabeleireiro, informática básica, dentre outros. Com carga horária variando entre 105 e 360 horas, das quais 60% contabilizadas como horas diretas e 40% como horas indiretas.


Haviam na época cerca de 400 alunos matriculados nos cursos técnicos, realizando as aulas teóricas nas salas de aula da instituição e cerca de 200 alunos aguardando a composição de turmas para o ingresso nas aulas práticas, na rede hospitalar. Já os cursos FIC, não haviam alunos matriculados para o ingresso imediato, no entanto, foram emitidos cerca de 2800 certificados no ano de 2010.


Enquanto o ingresso para os cursos técnicos ocorriam segundo um processo seletivo, no qual os alunos realizavam uma prova contendo questões de língua portuguesa e matemática, o ingresso para o processo seletivo nos cursos FIC se faziam por ordem de chegada. Os técnicos ofertados gratuitamente e os FIC mediante cobrança de taxa de inscrição, recolhida e gerida pela Associação de Pais, Alunos e Mestres - APAM.


A APAM


Trata-se de organização composta por membros dos diversos membros da comunidade escolar, concebida com a finalidade de gerir os recursos advindos da venda de materiais de uso individual aos alunos e da cobrança de taxas para a realização dos cursos FIC. Na época em que assumi a direção da escola, haviam duas pessoas que respondiam juridicamente pela associação: uma aluna(presidente) e uma servidora (tesoureira), mas a gestão dos recursos cabia a direção. Atualmente existe um grupo de cerca de 10 pessoas que gere a associação. A direção da escola não possui acesso direto aos recurso angariados e estes são aplicados apenas quando há concordância dos membros envolvidos.


As instalações físicas


O CEP-Saúde possuía estrutura privilegiada no entanto havia conflitos internos pela disputa dos espaços físicos, quais sejam:


- Laboratório de Nutrição: trata-se de uma cozinha industrial na qual eram realizadas aulas práticas das disciplinas de Nutrição e Dietética para o Curso Técnico de Nutrição e Dietética e, Introdução à Fitoterapia para o Curso Técnico de Enfermagem. Havia um abaixo assinado realizado pelos alunos do curso de nutrição datado do ano anterior que pedia providências com relação ao espaço dedicado ao seu curso, visto que os materiais acumulados no laboratório pelo professor que ministrava a outra disciplina contamina o ambiente e dificultava, o que implicava em dificuldades para a realização de suas aulas. Como havia na escola um outro laboratório que era ocupado com a reprodução dos materiais didáticos. Havia uma sala no setor administrativo, dedicada à supervisão pedagógica e ainda, uma confortável sala para a direção da escola, decidimos redistribuir os espaços. A direção da escola mudou-se para uma pequena sala na qual eram guardados materiais pedagógicos. A supervisão administrativa mudou-se para a sala anteriormente ocupada pela direção. A reprografia mudou-se para a sala anteriormente ocupada pela supervisão pedagógica. O lugar anteriormente ocupado pela reprografia foi transformado no laboratório de fitoterapia. E os alunos do curso de Nutrição e Dietética tiveram seu pleito atendido.


Certa vez recebi a visita do colega gestor da escola em que trabalhei antes de assumir a direção do CEP-Saúde e ele me pediu que lhe apresentasse o meu gabinete. Sem constrangimento lhe mostrei minha pequena sala e observando sua expressão de contrariedade, justifiquei que a minha sala era todos os lugares da escola, nos quais podia me reunir com a comunidade escolar para aprender com eles e planejar coletivamente a construção da escola.


O laboratório de Saúde Bucal


O laboratório de saúde Bucal tratava-se de uma sala 42 metros quadrados contendo pias e armários. No mesmo espaço duas cadeiras odontológicas disputavam espaço com dois aparelhos de rais x, cadeiras universitárias e uma série de equipamentos. Tanto as cadeiras odontológicas quanto os aparelhos de raio x se encontrava danificados e sem funcionamento. Quando os alunos do Curso de Saúde Bucal perceberam o movimento realizado em favor do Curso de Nutrição me convidaram para conhecer seu laboratório e de imediato cobrar providências. Aproveitando a satisfação do professor de Fitoterapia, que havia recebido um novo espaço e observando que suas necessidades poderiam ser perfeitamente satisfeitas em uma sala menor, lhe pedi que compreendesse a necessidade de trocar mais uma vez de sala e ele prontamente me atendeu. Tratamos logo de verificar junto a APAM, quanto recurso havia disponível para investir no novo laboratório de Saúde Bucal, bem como solicitar a equipe gestora a cotação dos serviços e se possível, a realização dos mesmos.
Acertados os detalhe deu-se início a obra. Uma das salas do laboratório ocupado pela fitoterapia (que estava servindo de depósito) recebeu revestimento cerâmico e foi convertida em um consultório odontológico, com direito a espaço restrito para esterilização de materiais, pias com sistema elétrico de acionamento e instalação das cadeiras odontológicas devidamente reparadas, acompanhadas dos dois aparelhos odontológicos, também reparados. A sala principal do laboratório passou por reparos na parte hidráulica e elétrica, recebeu bancadas e foram adquiridas maquetes odontológicas para o exercício de atividades práticas. O laboratório anterior de Saúde Bucal também passou por reparos nas instalações hidráulicas e elétricas e foi equipada com os instrumentos necessários à realização das aulas práticas.


A sala dos servidores e dos professores


Haviam na escola, duas salas dedicadas aos professores, uma localizada junto ao setor administrativo e outra, localizada junto às salas de aula. Ambas as salas equipadas com computadores,  aparelho de ar condicionado e armários. A sala localizada junto as salas de aula tinha em seu interior um conjunto de banheiros e vestiários. A sala localizada no setor administrativo tinha uma pequena sala interligada, a qual era utilizada como cozinha para o preparo do alimento dos professores e funcionário do quadro efetivo da Secretaria de Educação que optam por almoçar na escola. Esta sala era um espaço muito mais dedicado ao almoço e ao repouso dos professores. Já na outra sala permaneciam os professores que estavam em intervalo de aula ou em horário de coordenação pedagógica. Os servidores da limpeza, por sua vez, ficavam espremidos em uma sala menor, localizada junto ao laboratório de nutrição. Seu vestiário era os banheiros dos alunos e alunas e seu lugar de repouso, alguns bancos posicionados junto a esses banheiros. Nas reuniões de coordenação pedagógica pedi aos colegas professores para avaliar aquela contradição. Os professores tinham conforto muito maior do que os servidores da limpeza. Em suas avaliações alguns afirmavam que realizar a coordenação pedagógica no mesmo lugar em que estava sendo preparado os alimentos causava desconforto. Por outro lado se a direção da escola determinasse a suspensão do almoço, causaria transtorno a muitos dos que almoçavam na escola.
Para o preparo do almoço existe uma equipe de professores e funcionários que se revesam em seus horários de folga na quotização dentre os participantes e no preparo das refeições. Sempre que temos atividades nas quais grupos de alunos precisam ficar na escola durante todo o dia, a APAM arca com os custos das refeições.
Após pedir e conseguir a aprovação de todos para repensar a organização destes espaços encontramos a seguinte solução: a sala la ocupada pelos servidores da limpeza foi convertida na cozinha para o preparo dos alimentos dos professores e servidores do quadro efetivo. A sala dos professores localizada junto às salas de aula foi repassada aos servidores. E a sala dos professores localizada junto ao setor administrativo pode, enfim, ser consolidada como o espaço de coordenação pedagógica.


A Portaria da Escola


A escola está localizada no cruzamento da Av. Independência com a Av. Contorno. A portaria localiza-se na Av. Contorno  e para chegar a escola, muitos alunos transitavam por terreno baldio no qual se concentravam pessoas que promoviam constantes assaltos. E dia a dia chegava algum aluno ou aluna chorando para reclamar comigo a perda de seus objetos. Temendo que algo de pior pudesse ocorrer, e buscando a opinião dos vigilantes, se alunos, professores e servidores, procuramos uma alternativa e chegamos a conclusão se que o melhor seria a mudança da entrada de lugar, mas para isso seria necessário a construção de uma nova guarita. O lugar escolhido foi a saída para a Av. Independência, que é um local mais movimentado e por onde circulava viaturas de polícia constantemente, visto que se trata de acesso imediato à 16 Delegacia de Polícia Civil.
Mais uma vez solicitei o apoio da equipe gestora da APAM, que se empenhou para a realização da obra. A nova guarita, diferentemente da primeira, é mais ampla, ventilada e contém banheiro interno.
Desde a mudança da entrada da escola não recebi mais nenhuma notificação de assalto à alunos.


A quadra poliesportiva


Em doze 12 anos de funcionamento a quadra poliesportiva jamais havia sido utilizada por quem quer que seja. O que nos parecia de tudo contraditório principalmente porque a quadra está localizada junto a nova entrada da escola e é de fácil acesso. Foi então que decidimos oferecer este espaço a comunidade e encontramos apoio de dois grupo. O primeiro, do Centro de Iniciação Desportiva - CID, passou a realizar aulas de basquetebol para a comunidade nas gundas, quartas e sextas, nos turnos matutino e vespertino, nos horários da 8:00 as 12:00 e 14 às 18:00. O segundo, do Projeto Ginástica nas Quadras atende a comunidade três vezes por semana, das 7:00 as 8:00 da manhã.


A sala de leitura e a APAM


A sala de leitura era um espaço que combinava estantes para livros, mesas e 12 computadores com acesso a internet. Dentre as dificuldade para funcionamento, se encontra a falta de servidores para prestar assessoria aos alunos. E observando sua dinâmica de funcionamento, percebemos que enquanto alguns grupo de alunos preferem realizar pesquisas nos computadores, outros preferem realizar leitura nos livros. Ao consultar a equipe de coordenação pedagógica e os próprios alunos, decidimos separar os dois espaços para melhor atender a todos. Estruturamos uma outra sala para servir de sala de leitura com sistema de auto gestão pelos próprios alunos, já que não temos pessoal suficiente para assessorá-los e dividimos a sala de leitura anterior em dois espaços distintos. Um menor para funcionar a APAM, que além das ações que já desenvolvia, passou a gerir a copiadora para atender aos alunos e em uma sala maior, que recebeu mais doze computadores, perfazendo um  total de 24 máquinas com acesso gratuito à internet de 35 Megabits custeada pela própria associação. Este espaço trata-se de um espaço multiuso no qual os professores também podem empregar para o exercício de suas aulas.


A sala de informática


Haviam duas salas de informática quando até o início do ano de 2011, uma dedicada às aulas de informática básica e outra dedicada  ao projeto de Educação à Distância EAD. Para montar a sala da EAD, a equipe gestora anterior havia utilizado uma sala localizada ao lado do laboratório do Curso de Nutrição. Salas estas que se comunicam por uma porta e por uma janela. Tendo em vista o recebimento dos equipamentos para o Laboratório de Nutrição, decidimos transferir a sala da EAD para uma sala de aula que estava equipada com uma lousa interativa. Desta forma, poderíamos oportunizar aos profissionais o desenvolvimento de ferramentas pedagógicas para melhor atender as necessidade da escola. Já a outra sala de informática, que estava localizada junto ao laboratório de Análises Clínicas teve seus computadores transferidos para a antiga sala de leitura, doravante denominada sala de pesquisa em rede.


O laboratório de Análises Clínicas


Este laboratório trata-se de espaço de 60 metros quadrados, devidamente equipado para a realização de análises microbiológicas. Tendo em vista que há em tramitação na COSINE,    um plano que prevê a aprovação do Curso Técnico em Análises Clínicas, e após discussão com os profissionais da escola decidimos transformar a sala de informática que localizada junto a este laboratório, em sala ambiente para atender aos futuros alunos deste curso.


Os laboratórios de Enfermagem


A escola conta com dois laboratórios de enfermagem que simulam duas enfermarias hospitalares. Na iminência de receber um novo laboratório enviado pelo Governo Federal, estes dois laboratórios serão transformados em duas salas ambiente para melhor atender aos alunos deste curso. Como o projeto do Governo Federal exige metragem mínima de 80 metros quadrados para o envio do novo laboratório, a saída encontrada pela equipe foi fazer a fusão de duas salas de aula. Dessa forma será obtida uma nova sala de cerca de 84 metros quadrados. Similarmente, serão fundidas outras duas salas de aula, para a obtenção de metragem mínima a fim de que a escola receba um laboratório de segurança no trabalho.




O sala do ponto de inclusão


Atendendo a solicitação da Administração Regional de Planaltina foi cedida uma sala do CEP-Saúde para a Secretaria de Ciência e Tecnologia para o funcionamento do projeto Ponto de Inclusão que oferta curso gratuitos na área de informática para a comunidade.


As salas de aula


Além dos laboratórios descritos havia no CEP-Saúde 10 salas de aula, ocupadas em sua maioria com cursos FIC. Após a estruturação em andamento a escola terá uma nova configuração. As salas de aula serão salas ambientes, equipadas com os recursos necessários para que os professores possam ministrar suas aulas teóricas em consonância com demonstrações práticas. Neste, cada curso contará com a seguinte estrutura:


-Enfermagem: um laboratório com 84 metros quadrados e duas salas ambiente de 42 metros quadrados. Cada um dos três turnos contará com duas turmas ocupando a escola enquanto outras duas turmas (80 alunos) estarão cursando disciplinas práticas na rede hospitalar em cada semestre.


-Nutrição e Dietética: um laboratório de 120 metros quadrados e uma sala ambiente de 42 metros quadrados. Cada um dos três turnos contará com 1 turma ocupando a escola enquanto uma outra turma estará cursando disciplinas práticas na rede hospitalar e nos restaurantes comunitários em cada semestre.


-Saúde Bucal: um laboratório de 60 metros quadrados e uma sala ambiente.Cada um dos três turnos contará com 1 turma ocupando a escola enquanto uma outra turma estará cursando disciplinas práticas na rede hospitalar em cada semestre.


Análise Clínicas: um laboratório de 60 metros quadrados e uma sala ambiente.Cada um dos três turnos contará com 1 turma ocupando a escola enquanto uma outra turma estará cursando disciplinas práticas na rede hospitalar em cada semestre.


Segurança no Trabalho:um laboratório de 80 metros quadrados. Cada um dos três turnos contará com 1 turma ocupando a escola enquanto uma outra turma estará cursando disciplinas práticas na rede hospitalar e no setor da construção civil em cada semestre.


Agente de vigilância Sanitária: um laboratório de 80 metros quadrados. Cada um dos três turnos contará com 1 turma ocupando a escola enquanto uma outra turma estará cursando disciplinas práticas na rede hospitalar e no setor da construção civil em cada semestre.


A reestruturação do CEP-Saúde implicará na possibilidade de atender melhor aos alunos dos cursos técnicos que já existem e dos que serão autorizados, sem que haja redução na capacidade da instituição.


Os turnos de funcionamento


No início de 2011 haviam 13 turma matriculadas nos Cursos Técnicos na instituição, nos turnos matutino e vespertino. O turno noturno era dedicado exclusivamente aos cursos de formação inicial e continuada. Sendo o horário de funcionamento das 19h às 22h, apenas de segunda a quinta-feira.
Após a análise de diversos pedidos que chegaram até à direção para que a escola ofertasse seus cursos técnicos também no noturno, decidimos consultar a Coordenação de Educação Profissional (a então Diretorial de Educação Profissional) que empenhou esforços no sentido do garantir as condições necessárias para que a demanda da comunidade escolar pudesse ser atendida. De forma que para o processo seletivo que previa ingresse no segundo semestre de 2011 foram abertas 120 vagas, sendo 40 para cada um dos três cursos técnicos autorizados e semelhantemente, para o primeiro semestre de 2012, outas 120 vagas. Atualmente a escola ocupa-se da ofertar de vagas para os cursos técnicos nos três turnos, sendo 8 turmas no matutino, 5 turmas no vespertino e 6 turmas no noturno, além de outras cinco turma que realizam aulas práticas supervisionadas nas classes hospitalares da SEEDF, sob a responsabilidade do CEP-Saúde. Todas estas turmas totalizam 996 estudantes. Outros 557 estudantes se encontram matriculados em cursos FIC.


Vale ressaltar que o CEP-Saúde funcionar de segunda à sábado, sendo que neste último, apenas nos turnos matutino e vespertino.


A interação com a comunidade - os parceiros


Diferentemente das demais escolas de formação, realização de parcerias entre o CEP-Saúde e outras instituições é condição existencial. Neste contexto, destaca-se a Coordenação Regional de Saúde de Planaltina, Administração Regional de Planaltina, A Emater, CEASA-DF, Conselho de Saúde de Planaltinas, Diretoria Regional de Ensino de Planaltina, Centro de Reabilitação Deus Proverá, dentre outros.


A natureza do CEP-Saúde, bem como a importância que representa para Planaltina determina um tipo de demanda na comunidade que se diferencia das demais unidades de ensino. A localização facilitada o torna a escola, o ponto ideal para a realização de reuniões da SEEDF, SESDF, e de vários seguimentos da sociedade, tais como igrejas e associações. Neste sentido colocamos todos os espaços eventualmente ociosos à disposição destes públicos.


Outro importante papel que a escola desempenha em escolas, creches e associações e eventos da comunidade, é a realização de atividades de educação para a saúde, com palestras e atendimentos individualizados. Para tanto conta com a constante parceria da Administração Regional de Planaltina, Emater DF,  CEASA-DF e da Coordenação Geral de Saúde de Planaltina - CGSP.


Ainda em parceria com a CGSP e apoio de vários instituições , dentre as quais, o Conselho de Saúde de Planaltina, a Administração Regional de  Planaltina, a SEDEST e, UNICEUB, estamos desenvolvendo um diagnóstico territorial na cidade que prevê treinamento de pessoal, aplicação de questionário, registro de dados em um sistema desenvolvidos por profissionais que atuam na escola. Este banco de dados será gerenciado posteriormente pela CGSP, tendo em vista o desenvolvimentos de ações em saúde na cidade. 


No que se refere a oferta de cursos FIC, o CEP-Saúde observa-se a procura segundo as demandas de mercado e social. Por natureza, alguns dos cursos ofertados, tais como Atendente para Clínicas e Hospitais, Assistente de Laboratório, Atendente de Farmácia, Cuidador de Idosos e, Auxiliar de Saúde Bucal são constantemente procurados por pessoas (jovens na maioria), tendo em o promissor mercado de trabalho. Por outro lado, cursos tais como Informática Básica, LIBRAS, Massagem Terapêutica e Redação Oficial, são de forte interesse de pessoas que já atuam no mercado de trabalho, que se encontram em processo de recuperação da dependência química, ou ainda, que atuam com o voluntariado.
A oferta destes curso seguia a orientação de governos anteriores que preconizavam que as escolas se tornasses sustentáveis. Dessa forma incentivavam a cobrança de taxas. A partir de 2011, as novas orientações da SEEDF conduzem justamente para o sentido contrário. No entanto até o presente momento, os programas de transferência de recursos para manutenção não atinge o CEP-Saúde, que se vê diante do dilema: ou cobra as taxas para que a comunidade realize os curso básicos ou é obrigado a fechar a escola, já que não teria como manter os elevados custos operacionais.


Na tentativa de minimizar o problema, bem como na busca pelo estreitamento das relações com os parceiros que fazem do CEP-Saúde, o que é, decidimos que apenas os cursos FIC cujos professores fossem contratados pela APAM seria taxados e os FIC cujos professores fossem contratados pela SEEDF seriam ofertados gratuitamente aos profissionais atuantes na regional de saúde e às pessoas em tratamento da dependência química. Dessa forma a escola tem conseguido se manter. No entanto as projeções para o segundo semestre, e considerando o nosso desejo de fazer com que o CEP-Saúde se torne de fato, uma escola do povo e para o povo nos obriga a assumir que a SEEDF precisa, urgentemente, tomar providências no sentido de garantir as condições mínimas de financiamento, sob pena de ocorrer colapiso na prestação dos serviços.


O corpo docente


Os professores que atuam no CEP-Saúde se diferenciam quanto ao tipo de contratação: a) profissionais do quadro efetivo, profissionais  do quadro temporário (contratados pela SEEDF, portadores de diploma de curso superior) e, profissionais contratados pela APAM para o número de aulas limitadas para cursos FIC (áreas nas quais a SEEDF não possui em seus quadros ou para atuar em cursos FIC nos finais de semana); b) profissionais que atuam com a formação específica (nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, enfermeiros, dentistas, i.e.) e profissionais que atuam com a formação geral (Química, biologia, geografia, história, Educação Física, Língua Portuguesa).
Até o ano de 2010, os profissionais que eram contratados pela SEEDF para atuar no CEP-Saúde no turno noturno, completavam suas jornadas de trabalho, atuando nos sábados. No entanto, considerando as reclamações que chegaram até a equipe, decidimos que para os curso ministrados nos sábados (FIC) os profissionais seriam contratados pela APAM até a a SEEDF buscasse gerência junto ao GDF para regulamentar tal situação.
No princípio de 2011, dos profissionais previstos para trabalhar exclusivamente em disciplinas dos cursos técnicos, cerca de 60% eram profissionais de contratação temporária. Além do mais o número previsto era insuficiente para atender toda a demanda. De forma que, cerca de 160 alunos acumulavam que já haviam concluído a parte teórica há mais de 6 meses ainda não estavam cursando a parte prática pela falta de professores.
Dentre as principais dificuldades para a contratação de professores para o CEP-Saúde, constava o desinteresse dos profissionais para atuar em planaltina, as discrepâncias entre os salários praticados pela SEE e SES (um enfermeiro, nutricionista ou dentista ganha mais para atuar em clínicas e hospitais do que para atuar como professores) bem como o desconhecimento do governo anterior sobre a legislação que ampara a contratação de profissionais para atuar no CEP. Somado a isso destaca-se a falta de mobilização da própria estrutura da SEEDF, que conta em seus quadros com profissionais com ampla habilitação para trabalhar nestas unidades. E que muitos destes profissionais sequer sabiam da existência dos CEP-Saúde.
As ações empreendidas pela atual equipe da Coordenação de Educação Profissional abriu caminho para a superação dos impasses que haviam, de forma que entre os anos de 2011 e 2012 o CEP-Saúde já recebeu 12 profissionais provenientes do quadro de professores efetivos para atuar nos cursos técnicos, dentre os quais, 2 professores com título de doutor, 3 com título de mestre e 4 com título de especialização.
A ideia é que, com a consolidação de um corpo docente composto por maioria de profissionais do quadro efetivo e que tenham realizado estudados seus estudos com maior grau de profundidade nas variadas áreas de conhecimento, a escola caminhe para o desenvolvimento de uma prática fundamentada em princípios científicos, no sentido da construção de um trabalho que atenda cada vez melhor as demandas sociais, conforme preconizadas pela SEEDF ao chancelar a atual equipe para gerir esta unidade de ensino.


Os conflitos interpessoais


O CEP-Saúde vive um momento transitório. Em seus primeiros doze anos desenvolveu uma política com ações centradas na figura da direção da da escola. A partir de 2011, sobretudo pelo nova conjuntura política que prevê participação efetiva da comunidade escolar nas discussões e implementações da ação educativa, houveram naturais descontentamentos. No entanto a realização de uma proposta de trabalho mediada pelo diálogo tem favorecido a superação de contundentes conflitos entre grupos discordantes do trabalho da direção e discordantes detre si.


Dessa forma, por ser de total interesse da direção atual, a soma de valores e o fortalecimento da instituição no sentido de garantir formação de qualidade para os nossos alunos. E por acreditar que não há como desenvolver políticas educacionais inclusivas, tomando-se por base, processos de exclusão, toma-se por propósito a adoção do diálogo como meio primordial para a construção coletiva.


As novas perspectivas


A ideia de pensar e trilhar em um modelo de escola do povo e para o povo, ampara-se nos princípios freirianos na medida em que se busca a construção coletiva mediada pela diálogo, partindo do contexto real vivenciado pela comunidade, para o desenvolvimento de estratégias de ação norteadas pelas demandas sociais. Na concepção freiriana, não há como compreender o povo sem interagir com ele, saber o que sente, como pensa e o que deseja.


Acreditamos que a importância que o CEP-Saúde tem para planaltina pode ser ser estendida para outras localidades do Distrito Federal. Sua forma de atuação, por ser diferenciada, reúne todas as condições para que seus cursos cheguem a outros lugares. Não se trata de fazer com que alunos de outras localidades de Brasília venham estudar no CEP-Saúde. Trata-se de levar o CEP-Saúde para outras localidades.
Ao nosso ver essa também seria uma saída justa para com os mais de 1000 alunos que se matricularam no CEP-Saúde no ano de 2010 para a realização dos curso via EAD (e aqui não tenho por objetivo discutir o mérito desta promissora ferramenta da educação, mesmo  porque eu mesmo realizo formação por este meio) e que sabiamente o Conselho de Educação do Distrito Federal determinou a suspensão dos cursos naquele formato, visto que foram abertos sem que para isso houvesse autorização legal. Embora à época tenha sido dada a oportunidade para que aqueles alunos tivessem suas matrículas confirmadas no sistema presencial no CEP-Saúde em Planaltina, constatamos que menos de 30 desses alunos puderam efetivamente realizar seus cursos. Esta é uma dívida que a instituição tem para com estes alunos.


Neste sentido a iminência do Distrito Federal se tornar ofertante do  Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego -PRONATEC  e considerando que:


- 60% em média das aulas ofertadas pelo CEP-Saúde ocorrem em sala de aula convencional;
- 30% em média das aulas ocorre nas classes hospitalares, viabilizadas por Termos de Cooperação Técnica entre a SEEDF e a SESDF, podendo ocorrer em hospitais e postos de saúde de em toda a rede do DF.
- 10% em média das aulas ocorrem nos laboratórios da escola


Propomos a institucionalização de unidades-polo do CEP-Saúde em outras cidades do DF. Dessa forma os alunos assistiriam a 90% de suas aulas em suas cidades de origem e para assistirem a apenas 10% delas, precisaria se deslocar para a cidade de planaltina. Algo que poderia ser feito com o comparecimento a escolar durante um vez por semana.


Considerações Finais


Este relato que se encontra em construção cuida da tentativa de apresentar as ações desenvolvidas pelo CEP-Saúde a partir de 2011, considerando sua importância enquanto escola que atua com a formação de profissionais técnicos em nível médio para atuar na área da saúde. Por entender a obra de Paulo Freire como um farol lança luz sobre a importância da participação popular, do diálogo e da construção coletiva, no sentido de uma educação libertadora, na qual opressores e oprimidos ao se encontrarem e tomarem consciência da necessidade de libertar um ao outro, reconstroem suas relações para aprender em comunhão. Mas para que tal proposta possa ser consolidada, não basta a boa vontade dos atores envolvidos no processo, é preciso que o estado não se furte ao dever legal, moral e ético de fazer a sua parte para com a escola.