terça-feira, abril 19, 2016

CARTA ABERTA POR UMA REFLEXÃO EM TEMPOS DE IMPEACHMENT

Abril, 17, o dia em se concretizou no Brasil, o descortinamento de uma nova política, clara cristalina, do somatório de vinganças pessoais contra um sistema de poder cuja capa é o combate a miséria e a distribuição de renda e cujo cerne é o mesmo jeito de se fazer política desde os tempos de invasão do Brasil. Pobre povo brasileiro, que acreditou na real autoria da derrubada de presidentes mas que mais uma vez se constituiu na massa de manobra para uma reviravolta política em cujo cenário se escondem múltiplos interesses, múltiplos inimigos declarados em favor de um desconstituir alguém eleita como inimigo público em comum.

_ Por que derribar a Dilma?
_ Me pergunto.


  • A classe política afirma que ela foi arrogante e que acreditou ser capaz de governar o país sozinha;
  • A bancada ruralista afirma que ela foi tolerante com os movimentos sociais que a todo instante ameaçam invadir a terra;
  • A bancada evangélica diz que ela é favorável ao casamento de pessoas do mesmo sexo;
  • A bancada da segurança pública fala que ela é conivente com a marginalidade;
  • A bancada da industria fala que ela retira dinheiro do setor produtivo para colocar em programas sociais;
  • O políticos implicados em crimes contra o patrimônio público desejam arrefecer o clima de avanço das investigações das operações da Polícia Federal.

São tantos motivos reais para derribar a Dilma. Cada um ao seu modo, ensaia sua forma em particular.

Mas como uma Ministra Chefe da Casa Civil do Governo Lula, tão inteligente e competente se tornou uma presidente tão frágil a ponto de ser tocada fora de um governo por tantas pessoas de conduta pouco plausível?

Não seria possível resumir em poucas palavras. Primeiro teríamos que analisar os motivos pelos quais a então Ministra do Governo Lula chegou à presidência, depois precisaríamos analisar o papel do próprio presidente Lula em todo o movimento político nacional e como ele e o núcleo central do PT se apropria de todas as estratégias políticas praticadas pelos seus antecessores em nome da governabilidade. Mas antes ainda, como o PT conquista o apoio patronal em prol da construção de uma aliança para se eleger. E como ainda, consegue se tornar odiado em seu próprio berço político e amado em territórios comandados pelo coronelismo brasileiro.

Sem muitas delongas vale ressaltar alguns fatos sequenciais que se apresentaram de forma sutil e que nem sempre são discutidos pela imprensa brasileira.

Com o Impeachment do Presidente Collor, o PMDB ascende ao poder sob o amparo das correntes majoritárias do PSDB e do PFL. O Governo Itamar Franco lança no cenário político o ministro pai do Plano Real que compunha os quadros do PSDB e que viria a se tornar presidente, dois anos mais tarde. Este ministro, Fernando Henrique Cardoso promoveria o início de processos neoliberais estratégicos que seriam afagos inomináveis ao empresariado nacional e internacional, como a privatização de grandes companhias, dentre elas a CSN e a Vale do Rio Doce, dois dos maiores orgulhos nacionais. No afã da conclusão do processo em curso seria necessário que FHC permanecesse no poder por mais quatro anos. foi então que se constituiu a famosa Emenda a Constituição que garantiu a sua continuidade no poder mas criaria mais tarde, um efeito indesejado para o seu próprio partido no breve futuro porque permitiria que os seus mais severos aliados políticos se utilizassem dessas estratégias para comprimir o PSDB a condição de vilão e de perdedor contínuo (quatro eleições presidenciais seguidas).
A derrocada do PSBD foi iniciada com a traição ao seu próprio arranjo político. No ano de 2002, quando a ilustre filha do maior coronel do Maranhão, o respeitado ex-presidente José Sarney chegou se preparava para ser presidente da república, teve sua vida devastada após terem sido encontrados em posse do seu esposo, a quantia de R$ 1.200.000,00. O que inviabilizou sua candidatura mas levou a rompimento da tríplice aliança política que viabilizou o governo FHC.
Neste momento, o Partido dos Trabalhadores se viu diante da possibilidade de constituir um apoio tal que pudesse se sobrepor ao PSDB, já que o descontente PFL teve sua imagem arranhada e cuja ranhura atribui ao grupo do FHC e o PMDB cuja forte referência à época era o ex-presidente José Sarney, em retaliação ao que foi feito à filha, passa a costurar aliança em favor do antes demonizado Lula. somada a esta aliança, o respeitado empresário mineiro José Alencar do PL (atual PR) que conglomerada também a forte bancada evangélica que ajudou a superar a ligação que se fazia entre Lula e as forças da obscuridade, o que causava medo no leitorado.
_ O que deu errado com Dilma?
_ Me pergunto?
_ Nada deu errado com Dilma e ninguém tem nada contra ela.

Tudo não passa de um cena politica na qual há um processo de superação das antigas divergências que viabilizaram o governo FHC.

O PFL diante das fortes crises deflagradas pelas constante investidas da polícia federal no governo Lula foi defenestrado e para não sucumbir ao nada se tonou democratas. Caciques poderosos de vários partidos nesse período, acumularam derrotas expressivas em várias localidades brasileiras. O crescimento do PT em cenário nacional acabou por consumir as alianças constituídas no governo Lula quando partido começa a entrar no território do PMDF, em especial e por último no estados do nordeste. mais especificamente, ainda, na casa do poderoso José Sarney, com a derrocada de sua família do poder quando o aliado um aliado umbilical, o PCdoB torna-se governo no Maranhão e quando o ex-presidente sequer recebe apoio para concorrer a cadeira do Senado Federal.

Outro fator de destaque é a fome do PMDB. Partido que se já era forte durante o governo do PT e que navegou em águas tranquilas durante o governo Lula, se tornou famigerado durante o governo Dilma. Trazendo para si todos os bônus e entregando ao PT todo o ônus pelos constantes fracassos.

O que deu errado com Dilma?

Ela não se fez liderança respeitada frente ao próprio partido. Não se sentiu preparada para fazer alianças políticas para além do PMDB. Comprou brigas homéricas com grupos farmacêuticos, com a classe médica, com as igrejas evangélicas e com tantos outros grupos políticos, que se tornou inviável politicamente.

Que fique registrado que se ainda existe PT e se o PT está fortalecido, deva-se isso a Dilma Vana Roussef, a mulher que pela segunda vez na história é entregue aos lobos. É humilhada por seus agressores, mas se mantém fiel.
Dilma é vitima de um processo político no qual o PT soube a hora de entrar mas não se dispôs a discutir a hora de sair. A hora de dizer que iria sair seria ao término da eleição de 2014. Deveria ter sinalizada para alguém, o seu apoio nas próximas eleições. Para o próprio Michel Temer, quem sabe.
Se alguém não se recorda eu devo falar.

Foi exatamente no momento em que Lula se lança pré-candidato a presidência da república em 2018, que a vida da presidenta Dilma mais uma vez foi entregue nas mãos dos seus algoses. E curiosamente, é esta mesma humilhação pública a qual foi submetida, que possibilitará a revitalização e a reunificação do PT, com o apoio maciço do maior vitorioso de todos os partidos durante todo o processo, o PCdoB que renasceu, cresceu e floresceu como um partido com identidade histórica e política, que conseguiu crescer aos poucos sem o inchaço dos partidos de aluguel. Outro partido que ganhou destaque neste processo foi o PSOL. Que demonstrou ser um Leão valente nas defesa dos seus ideais. Seus poucos deputados tornaram-me voz de muitos dos oprimidos brasileiros.

E a Dilma Vana Rousseff? 

Entrará para a história como a mulher que deixou consumir a si mesma. Que foi odiada pelo próprio partido porque permitiu que a Polícia Federal investigasse e a justiça julgasse muitos e muitos corruptos nascidos no governo Lula, dentro do próprio PT e em contra partida se viu no Brasil, muitos e muitos empresários serem condenados por seus crimes.

A mesma Dilma, cabeça pensante de grandes transformações pelas quais o Brasil passou nos últimos anos, pessoa traída pelo partido e oprimida pelo próprio padrinho político. Dilacerada e ao mesmo tempo admirada pela pelos políticos de oposição.

E o povo brasileiro?

Sem líder. sem referencial político, desanimado, desempregado, acreditando que apoiar a derrubada da Presidenta Dilma ajudará a melhorar a própria situação e a situação do país. Mal sabe que as prestações da alta dívida contraída já chega mês que vem.

Um presidente sem carisma, comprometido com o empresariado e com os famigerados políticos investigados por esquemas de corrupção, tem a grande primeira missão de "santificar" o Presidente da Câmara do Deputados, tornar mais moroso o poder judiciário, encapsular o Ministério Público e a Polícia Federal, restituir as fontes de financiamento que foram minguadas ao empresariado, banir o Movimento dos Sem Terra, afagar as bancadas evangélicas, fortalecer a industria de armamentos, ...
E sofrer. Porque se existe uma coisa que esse no PT sabe fazer é oposição. E se o PT desistir da candidatura própria nas eleições de 2018 para apoiar um outro candidato aí é que o voo de Temer será abreviado.

E o povo?

Deste eu faço parte, continuaremos lutando, um dia de cada vez. E quando o povo deixar de praticar as pequenas corrupções será capaz de entender e diferenciar os grandes corruptos. Estes mesmos, sem lastro político, já não terão mais voto nem voz. O Brasil será de fato e de direito o nosso Brasil. 



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