As dificuldades
enfrentadas pelos governantes para estabelecer políticas públicas
plausíveis que favoreçam a escola, no sentido da formação de pessoas
capazes de exercer a cidadania de forma plena nos impõe a pensar na
educação para todos como utopia, desejo inalcançável.
O
desenvolvimento da psicologia educacional nos proporcionou razoável
compreensão do quê, porquê e como as pessoas aprendem. Por outro lado,
as conjunturas sociais, políticas e econômicas na sociedade promovem o
direcionamento para a aprendizagem que se deseja que as pessoas
aprendam, sob o argumento da oportunização da escolha, em detrimento dos seus próprios desejos e aspirações.
Neste
artigo, buscarei demonstrar que a escola é um aparelho promotor de
ideologia das classes dominantes e que as pessoas que nela ingressam
passam metade de suas vidas em um labirinto de ilusões e a outra metade
lamentando as escolhas que realizou.
Considero
que o valor mais importante a ser alcançado pelo ser humano em sua
caminhada é a felicidade. No entanto, o teatro armado diante de seus
olhos faz com que mergulhe em um labirinto de ilusões, escravisando sua
mente e pregando-lhe a falida sensação de esperança e harmonia. Enquanto
escrevo estas palavras tenho dúvida se o faço para atender ao meu
próprio desejo ou se não fui programado previamente para atender ao
desejo externo de um outro ser dominante que aparentemente não conheço,
mas que me impõe a escrever.
Se
sou realmente livre, se realizo realmente minhas escolhas, se meus
pensamentos realmente são meus, não sei. Apenas suponho que as decisões
favoráveis ou desfavoráveis a susteentabilidade planetária são tomadas
em um plano difereciado do qual me encontro. Vejo-me apenas como um
pequeno grão de areia submerso em um mar de ilusões. Vejo-me incapaz de
influenciar, mas constantemente influenciado pos fatores externos. Minha
única proteção é a vulnerável carapaça que construí com as ferramentas
que encontrei ao longo do caminho, bem como a esperança de que a força
externa que governa o universo possa dedicar parte de seu precioso tempo
delimitando o espaço de aproximação dos meus agressores.
Em
algum momento da história, quando o ser humano teve a oportunidade de
ser liberto das amarras que o aprisionava, não foi suficientemente
corajoso, optou por permanecer conectado aos vínculos sensoriais, a ter
que dar um salto para a consciência libertadora. Neste estágio os seres
humanos não mais seriam conhecidos como indívíduos, mas como corpo
comum, irmanados na consciência coletiva.
Dentre
as guerras que travamos, quer seja pela destruição do outro, quer seja
pela destruição de nós mesmos, cumpre-nos o desafio da sobrevivência, do
resgate de valores e do retorno ao caminho do qual nos desviamos nos
momentos de conflito.
Conflito.
Parece algo fatalista que o ser humano tenha se desenvolvido
preferencialmente nas tribulações das batalhas. Muitos inferem que
grande parte do desenvolvimento científico tecnológico da humanidade foi
proporcionado pelas constantes guerras que travou contra seus
semelhantes. Guerras estas, em que nos tempos antigos, perecia a tropa e
o comando, mas que em tempos modernos, perece apenas a tropa.
A
guerra, que antes de ser um instrumento de defesa contra as nações
inimigas, é um instrumento pelo qual as nações subjugam seus próprios
povos.
A
historia recente tem demonstrado que os líderes mais capazes de
conduzir seus povos a vitórias contra os supostos adversários das nações
foram os mais bem avaliados pelos cidadãos. O que demonstra que a
necessidade de sobreviência ou o medo da instinção são fundantes nas
escolhas das pessoas.
Medo,
sentimento relativo, próprio daqueles que vivem a incerteza. Incerteza,
proporcionalmente maior para aqueles que não conseguem processar com
segurança e precisão, as informações das quais tem conhecimento.
Conhecimento,
algo capaz de favorecer o desenvolvimento da inteligência desde que
apresentado as pessoas na medida, no tempo e no contexto propícios.
Inteligência,
algo incapaz de ser quantificada em sua totalidade, mas que pode ser
mesurarada contextualmente, de acordo com as necessidades manifestadas
pelos seres humanos.
Escola, lugar que em tese, é propício ao desenvolvimento da intelígência. Em tese, porque desenvolver a inteligência implica em:
Colocar-se diante do caminho imaginário;
Vislumbrar a possibilidade de caminhar;
Desejar percorrer o caminho;
Experimentar dar os primeiros passos;
Não parar de caminhar.
A estrada da aprendizagem não tem fim, paramos de aprender, quando paramos de caminhar.
Se
me for perguntado direi sempre que: o maior desafio da aprendizagem não
é aprender, mas sim, optar por um caminho que combine com as nossas
expectativas, com as nossas necessidades e com o quanto estamos
dispostos a nos dedicar a este aprendizado. Infelizmente, esta tomada de
consciência não depende apenas de nós mesmos. A consciência mínima para
nos colocar em ponto de partida depende do convívio com os nossos
semelhantes. E neste sentido, estamos sujeitos às suas vontades e
limitações. Eles podem nos fazer caminhar a partir do ódio ou do amor;
da esperança ou do desepero; do desprendimento ou da avareza, i.e.
Neste
sentido, questiono a mim mesmo, como mestre. Se sou eu capaz de
favorecer o processo de aprendizagem de forma construtiva ou destrutiva.
A despeito de todos os desatinos que possam existir. Imagino a
possibilidade de que na vida de cada pessoa, possa passar ao tempo
certo, pelo menos uma pessoa inspiradora. Capaz de lançar a semente de
esperança. E que esta semente germine ao tempo certo e que possibilite
as pessoas, o ato transformador em nível suficiente para fazer com que
se sinta capaz de tornar-se alguém melhor aos seus próprios olhos.