quarta-feira, junho 24, 2015

Inteligência de pessoas, de animais

Papai, por que as pessoas se desenvolveram de forma diferente dos outros animais?

Qual seria a sua resposta se a pergunta fosse proferida por um garoto de 11 anos em pleno exercício da formulação de questionamentos sobre a própria vida e sobre a existência da humanidade?

Um pensamento, uma pequena ideia foi plantada na mente de uma criança, em um dado tempo. A ideia cresceu, se transformou e definiu toda a sua vida. A ideia de que ela não poderia mais frequentar a escola porque não era capaz de aprender e que ao se esforçar muito nos estudos poderia enlouquecer. Os pais da criança ao acreditarem na ideia se esforçaram ao máximo para cuidar da criança mas seus esforços propagaram efeitos contrários de revolta, pânico, incômodo e lamento.
Por outro lado, outra criança teve diagnóstico contrário, não somente era capaz e aprender quanto seria capaz de realizar feitos que se diferenciariam dos demais. Seus pais ao acreditarem no potencial desta criança promoveram todos os esforços necessários para lhe prover as condições ideais para o seu desenvolvimento. Esta criança cresceu, se desenvolveu, mas não se conformou. Por que seria ela capaz de aprender e outra não? Qual parâmetro utilizado pela comunidade para classificar estas duas crianças?

Elas cresceram juntas. Enquanto uma se sentia feliz ao conhecer coisas novas e ao formular explicações plausíveis para os acontecimentos à sua volta. A outra se sentia feliz em poder ajudar as pessoas nas coisas que estavam fazendo, entro de sua simplicidade, se contentando, de certa forma com as coisas já existentes. Enquanto uma era ansiosa para chegar a explicação ou a solução final do problema, a outra preocupava-se com o trajeto, com os detalhes, com a perfeição das ações. Enquanto uma sonhava demais, a outra tinha os pés no chão e na realidade. Enquanto uma queri mudar o mundo, a outra queria preservá-lo em sua perfeição.

O que havia de errado com estas crianças? Apenas o diagnóstico. ambas eram capazes, porém com inteligências múltiplas diferentes. E o mundo precisava das duas. Uma para sonhar, a outra para realizar. Na verdade as duas crianças se completavam mas lhes foi tirado o direito de conviver juntas e ambas foram infelizes por se sentirem incompletas.

Pergunto mais uma vez, quem são estas crianças? Já alerto que esta pergunta não tem por objetivo estabelecer comparações. Na verdade nasce de uma situação real para tentar compor a cena na qual será constituída a cena para analisar a pergunta original.

Um sonho nasce de uma pequena ideia que se instala nas camadas mais internas da mente. Esta pode crescer para definir e para transformar as pessoas. Ela é moderadora, incentivadora, protetora, transformadora. Pela localização, tem o poder de decidir se outras ideias podem ou não entrar. Suas decisões se baseiam na capacidade do próprio fortalecimento ou naquilo que pode ameaçar a sua existência. E se esta ideia tiver por nome esperança. Esperança que dará certo. Esperança que o bem prevalecerá. Esperança que haverá paz. Esperança na superação. Esperança no perdão. Esperança na transformação. Esperança no outro.

Nada fácil será combater esta ideia. Ilusório será pensar que 1% não é suficiente porque com esperança 1% ou muito menos que este valor é mais que suficiente.

Ao sonhar, o ser humano projeta sobre sua existência, cenários distintos dos quais consegue perceber pela utilização dos sentidos de contato. O sonho o colocar diante do passado e dos possíveis futuros. Lhes faz testar hipóteses e prever resultados. Possibilita-lhe escolher dentre 100 possibilidade, a que é mais adequada. Sonhar permite ao ser humano criar e recriar o mundo a sua volta, antes mesmo de sua existência física. Por outro lado lhe expõe aos constituídos por outros sonhadores. Daí precisa do realista, do ritmista e da paciência que o caracteriza para que não se imponha ao sonho dentro do sonho e passe a descrer da própria existência.

A completude das ações humanas, ocorre quando sonhador e realista crescem juntos. Quando um ajuda o outro. Quando se respeitam mutuamente.

Transcrevendo este exemplo não perfeito para a pergunta que deu origem a estas discussões poderia arriscar a dizer que o ser humano ao comporta-ser como sonhador proporcionou a si mesmo e aos seus semelhantes as condições necessárias para o amplo desenvolvimento. Isto ocorreu tão somente quando respeitou o ritmo cadenciado pela natureza no processo de auto-preservação. Na medida em que o ser humano concentra-se na realidade dada e procura interferir o menos possível na natureza surge um processo de aceitação e de atroísmo que contribuem para o despertar de uma inteligência diferenciada da inteligência do sonhador. Esta inteligência, diferentemente da ideia que cresce de dentro para fora, cresce de fora para dentro. O equilíbrio de ambas, define a nossa existência. A supremacia de uma leva-nos à destruição pelas nossas próprias mãos, a supremacia da outra leva-nos a nossa destruição ou a nossa proteção pelas mãos alheias. Este é o estado pleno de Ser criança no auge da inocência.

Por fim e para não terminar:

Felizes são os sonhadores que ao sonhar desejam acordar para escrever e reescrever a realidade e felizes os realistas que diante da realidade não abandonam seus sonhos porque sonhando aprendem novas formas de escrever.




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