Sexta-feira, dia 27 de Agosto de 2010.
Fui abordado por um aluno da terceira série do ensino médio que trazia consigo um estranho pedido:
_Professor PC, peço que o Sr. me ceda a sua aula para que eu possa ter um conversa com a minha turma.
Chega o momento da aula, me dirijo para a sala do dito aluno levando comigo um bloco que questões para serem trabalhadas naquele dia. E nem começo a distribuir os papéis, ele chega acompanhado de um outro colega professor, pede licença para entrar e para falar aos seus colegas. Diante da situação tomei o meu lugar de aluno juntamente com o meu colega de trabalho e ele iniciou sua falar:
_ Pessoal, eu gostaria que vocês formassem círculos segundos os seus grupos de amigos mais próximos.
Os alunos e alunas meio que surpresos com aquele pedido inusitado resistiram por alguns segundos ao pedido do amigo, mas logo se colocaram em posição nos círculos.
_ Vocês que estão em círculo, com suas panelinhas. Vejam seus amigos com atenção porque este pode ser o último ano que vocês se encontrarão. Eu gostaria que vocês dessem um abraço no colega do lado e sintam-se por eles abraçados.
Enquanto os colegas se abraçavam o aluno ia falando palavras de incentivo e esperança e ia ressaltando a importância da amizade, do companheirismo de dos amigos sinceros que havia feito na turma e do amor que sentia por cada um. Neste momento eu já me encontrava de pé, ao lado do colega professor e comentava com ele que em meus quinze anos de profissão, aquela era a primeira vez que contemplava um cena tão bonita, sendo um aluno, o protagonista. Os alunos e alunas, com os olhos banhados de lágrimas se perguntavam porque o colega lhes falava aquelas palavras e ele emendou:
_ Eu me antecipei em falar isso para vocês agora porque alguns de nossos amigos já não estão mais conosco, pediram transferência para outras localidades. Estes eu sei que poderei não mais vê-los, mas os levarei comigo em meu coração aonde quer que eu vá. Daqui a alguns anos eu quero ser o profissional que eu projeto ser e quero que todos vocês também alcancem seus sonho. Daqui sairão profissionais da área de saúde, das engenharias e das ciências jurídicas e quando eu precisar de serviços profissionais, que seja prestado por um de vocês que estão aqui presentes. No bolso eu tenho dez reais, vou passar pela catraca e o dinheiro vai ficar, mas vocês não ficarão nunca, porque levarei vocês em meu coração porque amo vocês. Vocês são meus verdadeiros amigos.
Com estas palavras eu pude ver uma turma mais forte, mais confiante e cheia de esperança e mesmo que eu tivesse a pretensão, não poderia traduzir em palavras o que senti naquele momento. Me senti premiado por não ter negado a oportunidade do aluno se manifestar. Porque ele escolheu a minha aula para falar com seus colegas e porque trouxe consigo um outro colega que desenvolve um trabalho com o senso de humanidade que se espera de um profissional de educação.
Quando eu em propus a criar este blog, não tinha em mim grandes expectativas. Este é o espaço para manifestar as nossas inquietações e ao fazer este registro me sinto plenamente recompensado porque um aluno atingiu em uma aula, o lugar em que muitos gostariam de chegar. Mas por estarem trancados em seus preconceitos preferem reclamar do que apontar qualidades.
Quantas pessoas se negam ao abraço? Não abrem a boca para falar eu te amo?
Todos nós precisamos nos emocionar. Descobri mais uma forma de vê acontecer. O ingrediente? Uma pessoa que ama. O meio? A palavra sincera. O momento? Quando menos se espera.
Ao término daquele momento qualquer palavra que eu viesse a manifestar seria apenas redundância, mas não me furtei e repeti para todos o que havia falado ao colega professor.
_ Em quinze anos de profissão nunca vi isto acontecer. Gosto de me emocionar e estou nuito feliz por todos vocês que também se deram a este direito.
Alguém bem distante de onde estou lerá estas palavras e ao refletir sobre elas chegará a uma conclusão: "o amor pelos meus filhos, pelos meus irmãos e pelos meus pais. O direito que me dei de amar a mim mesma e de falar desse amor para os outros, conduziram-me ao que chamo de felicidade".
Ao término daquele momento qualquer palavra que eu viesse a manifestar seria apenas redundância, mas não me furtei e repeti para todos o que havia falado ao colega professor.
_ Em quinze anos de profissão nunca vi isto acontecer. Gosto de me emocionar e estou nuito feliz por todos vocês que também se deram a este direito.
Alguém bem distante de onde estou lerá estas palavras e ao refletir sobre elas chegará a uma conclusão: "o amor pelos meus filhos, pelos meus irmãos e pelos meus pais. O direito que me dei de amar a mim mesma e de falar desse amor para os outros, conduziram-me ao que chamo de felicidade".
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