quinta-feira, outubro 07, 2010

ADEUS PEDAGOGIA DO MEDO!

Durante alguns anos de minha carreira no magistério público eu acreditei que uma das formas de conseguir realizar um bom trabalho seria pela imposição do respeito.


E impor respeito significaria falar mais alto que os alunos para pedir silêncio, encaminhar alunos que não fizessem silêncio para a direção da escola, para que fossem punidos, aplicar exames que não dessm conta de fazer para mantê-los com notas baixas, enfim, impor a autoridade por meio de instrumentos de comando e controle. Isto é o que chamo de pedagogia do medo.

A pedagogia do medo implica em opressão de alguém que pensa que sabe para com alguem que pensa que não sabe, o oprimido. Este tema é debatido brilhantemente por Paulo Freire e sua obra Pedagogia do Oprimido.

O medo ancora-se nos três fundamentos apresentados acima: silêncio, punição e humilhação.

O ser humano por natureza é um ser falante. Por meio da fala ele tenta expressar de forma rápida tudo o que está sentindo. A privação da fala é uma das mais severas punições que já se imaginou.

Tenho um filho e quatro sobrinhos que participam de uma escolinha de futebol e muitas veses sou eu que me encarrego de acompanhá-los para os treinos. Como não muito tenho muito o que fazer nestes momentos, torno-me torcedor e observador do movimento que se passa dentro e fora de campo.

É interessante notar o quanto eles se dedicam em busca da vitória, que para eles é muitos mais do que ganhar das equipes adversárias. Ganhar para eles é participar dos lances, é fazer boas jogadas, é, marcar os gols.

Quando acaba o jogo denro de campo dar-se início a outro jogo fora de campo. É o jogo de contar como conseguiram fazer suas jogadas. Repetem os gestos, explicam tudo como se a jogada fosse meticulosamente premeditada.

Quem poderá deter uma criança em suas explicações?

Não importa se serão compreendiadas ou não, oimportante é falar, mas se alguém quiser vê-las mais felizes ainda é só demonstrar interesse por suas emplicações.

Quer me ver feliz? Demonstre interesse por sua explicações.

Quer ver o aluno ou aluna feliz? Demonstre interesse por suas emplicações.

Mas para fazer com que alguém preste interesse em nossas explicações, a nossa conversar não basta ser interessante, tem que ser mais interessante do que a conversa deles. E pra começar precisa iniciar com um ato de respeito.

O falar não precede o ouvir. Não pode se dar de forma unilateral. Quem fala precisa sentir que o outro está escutando com atenção, mas precisa também se aperceber dos desatentos e com o ato de respeito conceder a palavra no momento oportuno. Sua fala jamais poderá tomar todo o tempo. Em sua fala deve haver previsão de tempo para a fala do outro.

Hoje, ao chegar para a aula tem uma dada turma, um aluno me abordou e falou baixinho:

_ Professor, precisamos eleger o vice representante.

_ Sim, faremos isso hoje mesmo, respondi.

Ao iniciar a aula, pedi a turma que me lembrasse quando o relógio marcasse 11 hora e 50 minutos. Aquele momento seria reservado para atender a solicitação do aluno.

Ao ser avisado pela turma quando chegou o momento certo, pedi que os alunos interessados em se candidatar para a vaga, que se apresentassem e logo percebi que seis candidatos se apresentaram.

Pedi a turma que escrevessem em um pedaço de papel, o nome da pessoa de sua preferência e passei em seguida para o recolhirmentos dos mesmos.

Antes mesmo que eu terminasse com o recolhimento, um aluno já havia escrito os nomes dos candidatos no quadro e disse:

_ Professor, vamos fazer dessa forma?

_ Sim. Respondi.


E deu-se início ao processo de votação.

Eu tentei impor uma eleição secreta, o aluno solicitou eleição aberta. Ele ganhou, nós ganhamos.

Quando apuramos os votos, fiquei duplamente contente. Pela tranquilidade do processo democrático e pelo aluno leito.

Dias atrás, este aluno conversava comigo em rande alegria porque a turma havia obtido êxito em quase todas as matérias no terceiro bimestre. Situação bem diferente dos bimestres anteriores, quando as notas baixas pareciam ser a regra.

Fiquei contente porque acredito que o verdadeiro líder é aquele que é solidário com os seus liderados e que se alegra com suas alegrias. Fiquei contente porque o garoto que era líder em fazer piadas dos colegas, se tornou líder em falar bem deles.

Fiquei contente por ver o medo se transformar em esperança.

Esta é a mesma turma que no dia em que minha prova foi aplicada, eu cheguei para eles e falei:

_ Eu tenho absoluta certeza, de que vocês serão aprovados. Vim desejar boa sorte. Vim pedir que vocês acreditem em mim, assim como eu acredito em vocês.Vocês vão conseguir!

No dia em que fui corrigir as provas, custei acreditar no que vi. Pensei comigo mesmo:

_Eles colaram!

Conferi suas respostas. Eram todas diferentes. Os erros não se repetiram. Todos passaram no exame.

No dia em que lhes entreguei as provas falei:

Tenho mais um pedido para lhes fazer:

_ Quando alguém fala que vocês não vão conseguir, vocês não conseguem. Quando alguém fala que vocês vão conseguir, vocês conseguem. Eu desejo que vocês consigam sempre, independente do que as pessoas falem. Vocês são capazes e podem fazer. Isso é o que eu penso. Esse é o meu desejo.

Dias atrás, enqunto entregava as provas em um outra turma, uma aluna se posicionou perto da minha mesa e eu lhe falei:

_Estou muito contente por você. Eu ja havia lhe dito que havia nobresa nos seus atos e isso se confirma a cada dia.

Entreguei as provas dos demais alunos e a aluna permaneceu proximo da mesa e quanterminei ela estava lá, como se estivesse pensando em alguma coisa. Então lhe perguntei:

_ Você tem sonhos?

_ Sim!

_ Fale-me de um deles.

_ Sonho em acertar. As pessoas estão sempre exigindo muito de mim e eu tenho medo de errar.

_ Medo de errar?

_ Sim.


Certa vez eu estava participando de uma feira de ciências com um grupo de alunos e estava expondo um trabalhos no qual nos debruçamos durante muitos dias para desenvolvê-lo.

Em plena apresentação um dos mecanismos falhou e um aluno acusou o colega de negligência ao operarar o sistema, que ocasionou no travamento de uma bomba de água conectada ao sitema.

O diagnóstico inicial dado pelos alunos foi o de que a bomba havia queimado. Deveria ser substituída. Não havia mais tempo. Tudo estava perdido.

Pensei por alguns minutos. Convidei todos os alunos para se sentarem em círculo, junto ao equipamento e lhes falei algumas palavras:

_ O sistema está inoperante. A bomba travou. Quem deveria motitorar seu funcionamento estava passeando e deixou o colega na mão. Agora temos duas alternativas: vamos ficar culpando uns aos outros ou vamos providenciar o conserto da bomba? Se a bomba queimou, não importa, trabalharemos sem ela. O que importa mesmo é trabalharmos em equipe, como um grupo. Se aprendemos isso hoje, tudo terá valido a pena. O meu compromisso é com vocês. Eu acredito em vocês.

Depois dessas palavras recordo-me dos alunos e alunas com seus rostos de surpresa e ânimo.

O certo é que em menos de uma hora, desmontamos a bomba, fizemos os reparos e tudo já estava funcionando, só que com uma diferença: durante a montagem, um dos alunos recohneceu a necessidade de se adicionar um mecnismo ao sistema, que pudesse proteger a bomba. Ou seja, não seria mais necessário a presença de uma pessoa para ficar monitorando seu funcionamento. Ela já não podia mais aspirar sugeira para as engrenágens.

Com essas palavras eu quero apenas dizer que os nossos erros nada mais são do que oportunidades que temos para criar soluções inovadoras e para superar nossas falhas.

Quem em sã consciência poderá impedir alguém de errar?

Quem poderá impor a quem quer que seja, o medo de errar?

Nós erramos porque tentamos. Nóes erramos porque não sabemos tudo. Nós erramos porque ainda não estamos totalmente preparados.

Paulo Freire, o grande poeta das relações humanas, costumava dizer que o Ser Humano é um Ser inacabado.

Ser inacabado que dizer que não está pronto. Que sempre pode mudar. Que sempre pode aprender,..., que sempre poderá ERRAR.

Ao errar aprendemos como não fazer a coisa do geito errado. Ao errar temos a oportunidade de nos tornar pessoas melhores.

Com isso não quero dizer que as pessoas tem que errar, quero apenas dizer que devemos perdoar se e quando errarem. Quero dizer também que se queremos que não errem, preisamos muitas vezes abrir o nosso coração e lhes falar dos nossos erros, porque neles consistem a razão das nossas temerosidades.

Ao mostrar o caminho que trilhamos, damos aos nossos semelhantes a oportunidade de refletir melhor sobre o caminho que precisam seguir.

A pedagogia do medo precisa ser susbtituida pela pedagogia da sinceridade, da humildade e da esperaça.

Falo dos meus medos, não por autopiedade ou por autoengrandecimento. Falo deles apenas porque sinto de falar.

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