quinta-feira, novembro 04, 2010

VALE NOTA?

Esta é uma das perguntas mais recorrentes em nossa rotina de trabalho. Quando propomos em sala de aula alguma atividade, alguém sempre se manifesta neste sentido.

A nota. Quem ensinou os alunos e alunos a exigir que ela sempre seja o centro das atenções?


No  Distrito Federal, para que um aluno ou aluna seja promovido para a série seguinte, ele precisa acumular uma nota mínima de 19 pontos em cada disciplina, de um máximo de 40 pontos possíveis. A sua aprovação, portanto, requer um acúmulo de menos de 50% do total.

Houve uma época, da qual eu participei, que os alunos e alunas vivenciavam um estado de aprovação automática. Superar a nota mínima era apenas rotina e o que realmente importava era atingir o máximo.

Nos tempos atuais, muitos alunos parecem não mais se incomodar com a nota que atingirão ao término do ano letivo. Se der para passar, tudo bem, porque passar é o que realmente interessa.

Posso parecer contraditório porque vivemos em uma sociedade de resultados, mas acredito que passar de ano não deveria ser a coisa mais importante. Passar de ano sem ter a preparação mínima para cursar a série seguinte é criar um ciclo vicioso. É fazer perdurar um tipo de formação inferiorizada na qual o aluno terá o "canudo" em suas mãos, mas suas opçõe serão sempre aquém dos seus sonhos.

É lamentável que tardemos tanto na definição de objetivos mais claros e coerentes para o ensino médio e igualmente lamentável que as opções que o mercado de trabalho oferecem continuem a deixar de ser preenchidas pela falta de pessoas aptas para exercer as funções.

A escola média está vivendo uma espécie de exílio quase que proposital. Por não conseguir articular-se de forma adequada com as instituições de pesquisa não perde a oportunidade de ser aperfeiçoada.

Exemplo claro dessa afirmação ocorreu durante a Semana Nacional de Ciência a Tecnologia que ocorreu na Esplanada dos Ministérios em Brasília. Para que o nosso grupo de trabalho pudesse expor o trabalho, eu e outro colega professor, tivemos que conduzir os alunos em nossos próprios veículos, simplesmente porque o Estado se omitiu.

Bom para estes alunos-pesquisadores que participam do evento porque vislumbraram possibilidades de carreiras profissionais. Ruim para os tantos outros alunos e alunas da escola que gostariam de ir e que esperaram no portão da escola por um ônibus que "foi enviado" e que jamais chegou.

Estes alunos e alunas que vêm participando do nosso grupo de pesquisa e que vislumbram caminhar um pouco mais adiante em seus estudos jamais me perguntaram se "vale nota".

Eles não querem apenas concluir o ensino médio, querem ir um pouco mais adiante e eu acredito que conseguirão.

Imaginem que existem alunos e alunas que sempre têm uma pergunta a mais. Que sempre trazem uma questão nova para que possamos lhes auxiliar na interpretação. Que sempre estão buscando.

Imaginem que existem alunos e alunas que consideram que as aulas são sempre desgastantes. Que sempre acreditam que estão estudando demais. Que sempre querem descanso.

Estudar e aprender é um desafiou que precisa ser conhecido e reconhecido. Algo que consumirá grande parte do nosso tempo e demandará grandes quantidades de energia. É uma decisão que precisará ser tomada.

Acredito que a supervalorização da nota, prejudica o foco da aprendizagem e da valorização do conhecimento.

O foco na nota ensina o ser humano a parar pelo caminho, o foco na aprendizagem ensina o ser humano a a cumprir todo o percurso.

Na escola quando muitos alunos atingem a nota suficiente para passar de ano se desinteressam pelas atividades seguintes e isto é algo que precisamos nos preocupar porque estamos incentivando os jovens a viverem vidas inconclusas.

Será que seria cabível ao cirurgião fazer apenas uma parte do seu serviço?

Certa vez uma pessoa na minha parentela sofreu uma fratura em seu braço. Foi ao hospital, passou pelos procedimentos médicos iniciais e foi liberada para que se fizesse a colocação do gesso.

Tamanha foi a surpresa dias seguintes, quando se descobriu que o médico só havia feito a metade do serviço e que a pessoa teve o seu braço engessado sem que os osso tivessem sido posicionados no local de origem.

Será que seria cabível ao mecânico que ao colocar as rodas em um carro não tenha conferido o aperto dos parafusos?

Certa vez, quando viajava de Planaltina para o Plano Piloto em Brasília, me deparei com um pneu de carreta que vinha ao meu encontro. Depois de desviar deste, vi um outro e mais uma vez me desviei. Será que os pneus se soltarem da carreta foi apenas uma fatalidade?

Será que seria cabível um controlador de voos não saber falar a língua conhecida internacionalmente pelos aeroviários?

Se assim o fosse, o avião não poderia ser considerado um meio de transporte seguro.

Na escola a nota até que pode ser importante. Na vida a competência técnica será diferencial entre vida ou morte.

Você depositaria sua vida nas mãos de alguém cujo único objetivo é tirar nota?

2 comentários:

  1. Não. Mas aí é que está o ponto, as notas em geral são uma forma de definir se um aluno é burro ou inteligente, consequentemente nos vestibulares se você não obtiver nota suficiente para passar é desclassificado, porém para tirar notas boas em vestibulares e provas da escola, nos sistemas atuais de avaliação, não é preciso ter um conhecimento muito amplo ou mesmo conhecer determinada matéria, basta ter decorado algumas coisas, o problema da “decoreba” é o fato de após o término da prova para a qual se estudou, mais da metade do conteúdo é esquecido, ficando apenas uma vaga lembrança do que foi estudado. Tenho para mim, que seja isso que está acontecendo nos dias de hoje, o grande problema é que de tanto se exigir nota dos alunos e pouco valorizar o conhecimento e o interesse dos mesmos, a sociedade está criando pessoas descontentes, estressadas e pouco interessadas nas seletivas matérias escolares. Além disso existem professores, cujo único objetivo não é ensinar, mas cumprir com um plano de estudos e conseguir passar a matéria do ano. Enfim, o profissional nota 10, é o cidadão estressado que passou toda a vida decorando conteúdo e esquecendo, num círculo vicioso, criando profissionais incapazes de aplicar na prática tanto tempo de estudo.

    Nome:Kamila Lopes da Costa N°:25
    Série/turma:2°B

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  2. Não, mas será que a vida essa que temos, seja ela boa ou ruim sempre nos cobra uma nota? será que a vida nos cobra sempre um dez ou somente a media?
    Sei que é dificil não pensarmos na nota, ela importa muito é verdade, mas nao deve ser a protagonista pois não vale a pena tirar nota dez em meio a simples fatores, digamos que tenha um medico, um professor e um mecanico, qual dos tres tem a profissão melhor remunerada? o medico é claro, creio que todos responderiam, mas e se esse mesmo medico fosse um cirugião e estivesse realizando no mecanico uma cirugia de alto risco e desse tudo errado, quem seria o culpado? ele teria na escola tirado nota dez ou a simples media?Será que sua nota adiantou? seria apenas ironia do destino ou foi ele que naum teve competencia?será que a boa remuneração adiantou de algo?ACHO QUE NÃO O MECANICO MORREU!E o mais interessante é que encontraram uma tesoura dentro dele!
    Agora vejamos... Uma pessoa sonha em ser professor estuda mas não consegue aprender e mesmo assim passa no vestibular, consegue ser um bom professor passa tudo que sabe e tenta sempre aprender mais, os alunos por sua vez não se dedica muito, nem ao menos presta atenção e se passa um trabalho so a nota que importa, mas creio que todos ali tem um sonho profissional certo?Será que esses que só querem notas serão um bom profissional no futuro? ou será que serão cirugiões que esquecerão tesouras dentro de seus pacientes? O IMPORTANTE NÃO É A NOTA QUE IREMOS TIRAR, O IMPORTANTE NÃO A REMUNRAÇÃOQUE IREMOS GANHAR, O IMPORTANTE É FAZERMOS COM DEDICAÇÃO E AMOR, POIS SE GOSTAS DO QUE FAZES E FAZES BEM FEITO CONCERTEZA TERÁS A REMUNERAÇÃO QUE MERECES!!!
    E aí da pra confiar em alguém cujo objetivo é só tirar nota?
    ACHO MELHOR VOCÊ TIRAR SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES!!!!!!!!

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