VOCÊ TEM OS PRÉ REQUISITOS DO TIRIRICA?

Sempre que se discute a necessidade de ocupação de um cargo na sociedade ou a promoção para postos mais avançados surge a famosa pergunta:

Tem pré requisitos?

Nestes dias os meios de comunicação têm noticiado as discussões dobre a legitimidade ou não da candidatura do palhaço Tiririca para ocupar a cadeira de Deputado Federal para a qual obteve mais de um milhão de votos pelo estado de São Paulo.

Seria o palhaço Tiririca não alfabetizado?

Segundo a legislação as pessoas não alfabetizadas estão inaptas para concorrer a cargos dessa natureza.

Imagina-se que a pessoa não alfabetizada não pode responder por si mesma, tendo em vista que não poderá se comprometer com a assinatura de documentos por desconhecer o seu conteúdo.

O curioso nisso tudo é a pessoa não alfabetizada pode votar, ou seja, pode eleger mas não ser eleita.

Recordo-me das histórias que escutava de meu saudoso pai sobre os antigos prefeitos eleitos da cidade onde nasci. Muitos deles, conforme se dizia na época, "analfabetos de pai e mãe". E nem por isso eram foram maus prefeitos. Por outro lado recordo-me ainda que naquela época alguns ditos populares eram a expressão da verdade:

"sim, sim, não, não", "homem de palavra", "mulher de palavra",...

Como nos dias atuais nem toda palavra dada pode ser mais considerada palavra cumprida, somos obrigados, por força da Lei a só confiar no que estiver escrito e assinado.

Mas será mesmo?

Será que não vivemos em tempos em que os documentos são revogados na mesma medida com a qual são validados. Que mesmo a palavra escrita está sujeita à questionamentos. Neste caso, se a palavra escrita não tem mais o mesmo valor então saber ou não o que está escrito tem a mesma importância?

Paulo Freire em sua proposta de alfabetização de jovens e adultos demonstrou que seria possível alfabetizar uma pessoa em 40 dias.

O nobre palhaço tem 4 anos pela frente e uma equipe mais do que suficiente para ajudá-lo a tornar-se "alfabetizado" na letra.

Mas na verdade o que eu e muitos outros brasileiros esperamos é que ele seja alfabetizado no caráter. Caso contrário tudo estará perdido.

Sem caráter de nada valerá para o povo brasileiro e o fato de saber se ele é alfabetizado será muito mais preocupante. Por que são justamente pessoas alfabetizadas que conseguem arquitetar os planos que destroem as esperanças do povo brasileiro.

Peço licença a todos os conhecedores e guardiões das Leis brasileiras para sugerir que continuem colocando observando a conduta dos candidatos em primeiro lugar como pré requisito para ocupar um cargo público.

É bom que saibamos que a maior parte dos brasileiros sabem pouco ou nada do que ocorre no Congresso Nacional. Que para eles tanto faz se o ocupante do cargo é ou não, alfabetizado. O que na verdade se deseja, é que os políticos trabalhes por melhorias para a população.

Para provocar um pouco mais a partir da propaganda eleitoral do candidato Tiririca.

"Eu não sei o que um deputado faz, mas se você votar em mim eu te conto"

Eu não sei se o deputado eleito tem ciência do que falou, mas na minha humilde opinião, se ele se propuser a cumprir com essa promessa e realmente trabalhar para que seja efetivada, deverá ser consagrado como um dos deputados mais atuantes desta futura legislatura.

É bom lembrar que na obra de Paulo Freire consta clareza em sua preocupação de ver o cidadão compreender-se como ser no mundo, valorizador de suas práticas e críticos das transformações sociais.

O que faz um deputado no congresso nacional, tem a ver com tudo o que ocorre na nossa vida. Saúde, segurança, trabalho, escola, i.e.

Se o cidadão realmente souber o que faz um deputado ou deputada e se fizer isso com consciência crítica, certamente poderia concluir pelas aptidões ou inaptidões do palhaço Tiririca.

Por outro lado, outras acusações pesam sobre o candidato, e estas sim, poderia desqualificá-lo para a ocupação da vaga, mas ao recorrer dessas acusações depois de fracasso da acusação de que ele não era alfabetizado soa em minha mente como estratégia de perseguição ao cidadão que concorreu nas eleições em sua forma habitual de se dirigir à população brasileira. E olha que estamos falando em momentos que que os órgãos de imprensa dão saltos fenomenais quando se fala em censura.

Afirmo com toda a segurança que me é peculiar que, mesmo sendo cidadão alfabetizado, não me sinto qualificado para ocupar a cadeira de tamanha envergadura que é a de deputado federal. Ou seja, acredito que para ser deputado eu teria que aprender muito.

Obviamente existem aqueles cidadãos e cidadãs brasileiras que engrossas as fileiras daqueles que desenvolvem seus mandatos com tamanho brilhantismo que poderiam perfeitamente ser considerados doutores nessas funções. Esses certamente alcançaram tais conquistas pela vultuosa dedicação ao trabalho e com a vivência do constante aprendizado. O nosso estimado presidente da república ilustra bem esse tipo de gênio da política como arte da promoção do bem comum.

Resta saber se o deputado federal eleito Tiririca terá o mesmo comportamento de parlamentar, que tem nos palcos, no papel de palhaço.

Será ele um palhaço político ou um político palhaço.

Se for um político palhaço contribuirá para que os cidadãos ainda não alfabetizados continuem a ser marginalizados pela condição na qual se encontram.

Por outro lado, se o seu mandato for desenvolvido com zelo e com dedicação à altura do que se espera de um parlamentar, restará demonstrado que o real pré requisito para um homem público é o seu caráter.

Com caráter o homem público descobrirá que um mandato de deputado é um processo de construção e de constante aprendizado, inclusive o de ler e escrever e interpretar não apenas letras, mas o mundo à sua volta.