domingo, outubro 25, 2015

CARTA ABERTA PARA A ESPOSA AMADA

Querida esposa Paula Valéria Ribeiro de Castro Araújo,

Algo estranho ocorre comigo. Movo-me de uma profunda angustia que consome todas as minhas forças e já não sei o que fazer para conter. Meses já se passaram desde que escrevi a última carta e cheguei a acreditar que esta tarefa estava finalizada. Que águas passadas se faziam em minha vida. A inspiração havia sumido até começar a sentir esta angústia.
O mais estranho de tudo é que este sentimento sempre se movia com relação à pessoas de minha convivência, mas fora do meu ciclo de amizade e de família mas agora parece que tem a ver comigo mesmo. É como de um laço houvesse se quebrado ou estivesse prestes a se quebrar comigo tendendo a cair em desfiladeiro. Não sei ao certo explicar o que se passa mas em minha mente vejo vulto de um passado pouco familiar. De um segredo guardado mas não esquecido. de alguém disposto a fazer de tudo para mantê-lo.
Olho para você e vejo apenas perfeição. Uma ótima mãe, ótima esposa e formidável filha. Tento imaginar os motivo pelos quais você sempre me mantém na dúvida com suas respostas ricas em talvez, tanto faz ou não sei.
Tento imaginar o quanto estou errado e o quanto sou invasivo. Tento imaginar no que posso conseguir melhorar e me fazer digno de sua confiança. Penso que jamais conseguirei. Que apenas saberei sobre você por meio do exercício da dedução. Portanto sofro mas não penso em desistir.
Você é a pessoa com a qual sonhei um dia: no meio da mata fechada eu estava perdido e lá havia uma velha igreja em cujo interior se fazia um belíssimo templo. Sobre este templo eu jamais me enganei. á em você um templo muito mais belo do que eu consigo imaginar e é por isso que apenas em sonho contemplo o que a realidade me oculta.
És para mim a mulher mais bela que há neste mundo. A pessoa que muitas vezes pergunto se sou merecedor de tê-la como minha esposa.
Se apenas agora expresso estas palavras é porque apenas neste momento me sinto preparado para falar.
Tenho pressa porque recordo que a vida pode ser bem mais curta do que pensamos e embora espere ter muitas outras oportunidades para expressar por ti, o meu amor, sei que a luz em mim pode não durar todo o tempo que desejo.
Gosto do seu jeito de ser, de falar, de caminhar e até das broncas que recebo porque nelas se expressam sua personalidade marcante, de pessoa justa, honesta e decidida. Gosto de ser chamado de Amor e fico apreensivo ao ser chamado de César.
Você é Especial, muito mais do que eu possar falar ou pensar. Lamento por todas as vezes que não lhe presentei com flores. Por todas os aniversários não comemorados. Por todas as viagens que não fizemos e por todos os convites que não aceitei. Vejo o quanto fui frágil e pequeno de maneira tão intensa que não há como ser perdoado.
Esta carta, possivelmente, é a única forma que tenho para combater a angústia que neste exato momento me invade. Neste silêncio da noite. Onde o único som que escuto provem do sistema de refrigeração do notebook e das batidas descompassadas dos meus dedos em seu teclado.
Sei que não me sinto merecedor mas mesmo assim te peço: permaneçamos um só nesta vida. A aliança que carrego em meu dedo e que jamais tenho o desejo de retirar. Gosto do aperto que me causa e de de sua marca encravada em minha carne. Esta que é a única em metal precioso que já usei em toda minha vida é o símbolo do meu amor por você. É a aliança de ouro que sela a aliança da alma. Algo para além do corpo físico.
Te amo, amor da minha vida. Receba estas palavras como a mais sincera expressão dos meus sentimentos. Saiba que estarei ao seu lado nas lutas que haveremos de enfrentar

Do seu amado Paulo César Ramos Araújo.

sábado, setembro 05, 2015

Carta de apoio à Presidenta Dilma Roussef

Caríssima Presidenta Dilma Roussef

Receba o meu abraço em nome de cada brasileiro em cujo coração brota e rebrota o sentimento de gratidão pela vida das pessoas que contribuíram significativamente para a realização dos seus sonhos e para com a reafirmação de que vale a pena cultivar a esperança e a caridade.

Sou menino na arte de compreender a política e as engrenagens que se articulam em prol ou contra as pessoas que promovem distribuição de renda, acesso à escola e ao crescimento interpessoal. No entanto me atrevo a ver o que é patente aos olhos dos que querem  ver.
Vossa Excelência acha-se diante de uma cátedra de pessoas cuja esperança se desvanece a cada dia e que já não abandonaram este Barco Brasil porque temem ser reconhecidos como fracassados, vilões ou incompetentes.  Senhora Presidenta, em que pesa ao povo brasileiro saborear o gosto do respeito, da conquista e da realização de sonhos antigos, no cerne que questão que se enseja radiante aos olhos, que muitas vezes parece reproduzir as falas dos revoltosos que se levantam contra a senhora se encontra a consciência de que um Brasil está a um passo de reconhecer nos valores que fortalecem suas existências, a possibilidade de ler nas entrelinhas sobre quem é digno ou indigno de confiança. E isto é desesperador porque no momento em que a cobaia toma consciência de que seu sofrimento cumpre-se a papel de salvar ao seu algos, pode escolher não lutar mais pela própria vida ou contrariar as respostas esperadas.
O povo brasileiro por tanto tempo foi vitimado pelo encantamento com os escambos propagados por organizações estrangeiras. Por tanto tempo se viu diante da reafirmação de suas incapacidades e daí chegam pessoas como a Senhora e diz que existem outros caminhos possíveis. PAC, Pronatec, minha casa minha vida, mais médicos,..., essas coisas têm poder de libertação e desmistificação. São frechas poderosas contra os que governam com clientelismo, populismo e desrespeito aos seus semelhantes.
Lamentavelmente querida presidenta, a paga recebida por V. Excelência é o que hora se avizinha: aliados infiéis, opositores desonestos, amigos relutantes.
Neste momento de lamúrias e incompreensão, rogo a Deus que lhe conceda a força necessária para suportar as pressões desonestas que se propagam contra a Senhora. Que faltem palavras aos seus inimigos para discursar em seus desfavor. Que seus aliados sintam-se fortalecidos para agir segundo o comando da justiça e da retidão. Que a Senhora sinta paz em seu coração e que possa dormir a cada noite, o sono dos justos. Que Deus lhe conceda a realização dos seus sonhos segundo a justiça divina. Que o povo brasileiro enxergue na Senhora a figura da liderança nascida no meio do povo. A pessoa sábia e madura que merece ser quem é.
Este é o meu desejo Senhora Presidenta. Quem Deus lhe abençoe em cada um dos seus pensamentos, palavras e ações.


sábado, junho 27, 2015

A fé, a esperança e o preconceito

Quem nos fez acreditar que o caminho a ser seguido era este e não ou outro?
Quem foi que me informou que eu estava certo e o outro estava errado?
Quem me ensinou a condenar ou absolver?
Quem me ensinou a desprezar o necessitado e acolher o abastardo?
Quem me ensinou a ler a parte que me abençoa e a parte que amaldiçoa o outro?
Este que me ensinou apenas uma parte do caminho. Não a parte que me pertencia, mas a parte que pertencia ao outro.

Seremos um dia capazes de olhar para as pessoas com o olhar dos cegos para enxergar apenas o seu interior. Seremos capazes de tocar no algodão surrado e sentir a maciez da ceda? Seremos capazes de para de nos digladiar perante bandeiras, cores, opiniões ou pontos de vistas?

Quão pobres nos tornamos. Quão miseráveis nos tornamos que já não mais enxergamos as pessoas enquanto pessoas. As enxergamos apenas enquanto credo, colocação social, grupamento ao qual pertence.

Por nossos atos acabamos por acolher o pecado e repudiar o pecador. Criamos monstros não mais enjaulados. Somos consumidos pelos mesmos males que repudiamos. No afã de combater um mal, criamos outro mal. Criminalizamos opiniões, comportamentos e argumentos. Atingimos  o limite do respeito e da honra. Extrapolamos todas as fronteiras do que chamamos de civilidade. E nessa cortina de calúnias, acabamos por nos consumir.

É lícito em nome da fé propagar o preconceito, o conceito e o pós-conceito?
É licito em nome do combate ao preconceito confrontar a fé e a esperança de quem crê?

Assistimos em rede mundial, um dos maiores embates de todos os tempos entre a fé no mundo espiritual e a cultura do mundo carnal. No foco do debate, ideia do corpo humano enquanto bem de propriedade da própria pessoa ou enquanto templo de habitação espiritual.

Seja como for, parece-nos que o debate é causa perdida para ambos os lados, visto que:

Primeira hipótese - considerando o materialismos evolucionista cada corpo humano é uma unidade autônoma e todas as emoções, sentimentos, comportamentos resultam de interações químicas desencadeadas a partir de um sistema que assume o instinto de sobrevivência. Neste caso o comportamento social seria apenas a manifestação das necessidades individuais do indivíduo frente a necessidade de sobreviver. Todas as sua ações neste caso seriam plenamente justificáveis, independentemente dos que pensam em contrário. Considerando que a vida é única, após a morte todas a existência do indivíduo terá reflexo apenas para os que permanecerem, já que sua consciência será consumida pela degradação das proteínas dos seu corpo.

Segunda hipótese - considerado o o espiritualismo criacionista casa corpo é morada do espírito cuja responsabilidade com o corpo físico vai além da vida material. Neste caso considera-se que o espirito tem a opção de assumir o processo de santificação ou de perversão. Em ambos os casos estes espíritos podem contar com a ajuda do plano espiritual divino ou do plano espiritual profano cujas entidades travam batalha espiritual que se reproduz no plano terreno. No campo de batalha, as almas possuem desafios diferenciados. Enquanto que as almas que desejam se aproximar do plano divinal procurariam se desfazer dos próprios desejos, combatendo contra a vaidade, a ganância, a soberba, e tantos outros desejos, as almas não afinadas com estas ideias se veriam liberadas para práticas que ao seu ver, de modo algum seriam contrárias ao que prega as almas que se opões às suas ideias.

A questão é que, diante desta guerra declarada, o mundo se torna um lugar cada vez pior para se viver. É como se todas as disputas existentes entre os seres humanos, fosse apenas distrações forjadas para encobrir o que realmente está acontecendo. E neste caso todos se sairiam perdendo.

Na realidade, os seres humanos permanecem sendo usurpados em possibilidades que jamais conhecerão. Com suas mentes aprisionadas em acusações e trocas de ofensas, não conseguem se atentar para o que realmente está acontecendo.

Considerado o materialismo evolucionista, podemos considerar que a terra enquanto organismo vivo trabalha para promover a autodestruição dos seres humanos. Certamente preservando uns poucos que estejam em condições de evoluir para uma próxima fase.

Considerando o espiritualismo criacionista, podemos considerar que no plano espiritual a divindade não está muito contente conosco já que princípios fundantes da fé são simplesmente abandonados pela adoção de práticas de automaculação do corpo que seja pela violação do corpo físico, quer seja pela violação dos princípios espirituais. Em ambos os casos poderíamos simplesmente discordar mas nem um dos lados aceitará que está errado ou que está excedendo, simplesmente porque são soldados treinados para reproduzir as falas que escutaram ou porque mesmo sabendo que estão errados, defende este teatro montado para justificar o próprio status social. Neste caso ou são materialistas disfarçado de espiritualistas e têm certeza da própria condenação e querem simplesmente aproveitar os seus dias de reinado na terra sendo servidos.

Nesse caso, apenas os esperançosos, com forme e sede de justiça seriam privilegiados, quer seja pela Mãe Natureza, quer seja pelo Rei da Glória. Quem viver muito mais verá...

Sobre mim mesmo. Sou apenas observador da história, lutando para não me tornar o maior nem o menor dos hipócritas.


Qual é o papel da pergunta na prática do professor?

Ao refletir sobre perguntas e respostas concluo que: as perguntas nos orientam ao futuro, as respostas nos acompanham ao passado. É maravilha examinar o passado tendo em vista a projeção do futuro. A essa maravilha denominamos presente.


São as perguntas ou as respostas a mover o mundo?
Quantas respostas são suficientes para esclarecer a uma pergunta?
A resposta enseja a terminalidade da pergunta?
É possível responder a todas as perguntas?
O que fazer se as respostas não mas forem suficientes para satisfazer as perguntas?
Por que nos incomodamos com as perguntas para as quais não temos respostas?
Como saber se as respostas possuem credibilidade?
Por que em certas ocasiões não aceitamos as respostas dadas?
O que queremos revelar os esconder com as nossas respostas?
Quando pedimos para que alguém pergunte queremos mesmo ser perguntados?
Nós somos movidos pelas perguntas ou pelas respostas?
Por que perguntamos?
Como definimos o grau de dificuldade de uma pergunta?
Qual o sentido de perguntar algo se já julgamos saber a resposta?
Como saber se a nossa pergunta é plausível?
Por que avaliamos a resposta com maior rigor do que a pergunta formulada?
Todas as perguntas devem ser realimente respondidas?
Se ensinamos por meio de respostas porque avaliamos por meio de perguntas?
Como saber se a nossa resposta está correta?
Como saber se a resposta dada satisfaz as nossas perguntas?
É possível que respostas seja novas perguntas?
Nos desenvolvemos prioritariamente pelas perguntas ou pelas respostas?
As nossas respostas são para a satisfação do outro ou para a nossa própria satisfação?
Quias são as suas perguntas?

quarta-feira, junho 24, 2015

Inteligência de pessoas, de animais

Papai, por que as pessoas se desenvolveram de forma diferente dos outros animais?

Qual seria a sua resposta se a pergunta fosse proferida por um garoto de 11 anos em pleno exercício da formulação de questionamentos sobre a própria vida e sobre a existência da humanidade?

Um pensamento, uma pequena ideia foi plantada na mente de uma criança, em um dado tempo. A ideia cresceu, se transformou e definiu toda a sua vida. A ideia de que ela não poderia mais frequentar a escola porque não era capaz de aprender e que ao se esforçar muito nos estudos poderia enlouquecer. Os pais da criança ao acreditarem na ideia se esforçaram ao máximo para cuidar da criança mas seus esforços propagaram efeitos contrários de revolta, pânico, incômodo e lamento.
Por outro lado, outra criança teve diagnóstico contrário, não somente era capaz e aprender quanto seria capaz de realizar feitos que se diferenciariam dos demais. Seus pais ao acreditarem no potencial desta criança promoveram todos os esforços necessários para lhe prover as condições ideais para o seu desenvolvimento. Esta criança cresceu, se desenvolveu, mas não se conformou. Por que seria ela capaz de aprender e outra não? Qual parâmetro utilizado pela comunidade para classificar estas duas crianças?

Elas cresceram juntas. Enquanto uma se sentia feliz ao conhecer coisas novas e ao formular explicações plausíveis para os acontecimentos à sua volta. A outra se sentia feliz em poder ajudar as pessoas nas coisas que estavam fazendo, entro de sua simplicidade, se contentando, de certa forma com as coisas já existentes. Enquanto uma era ansiosa para chegar a explicação ou a solução final do problema, a outra preocupava-se com o trajeto, com os detalhes, com a perfeição das ações. Enquanto uma sonhava demais, a outra tinha os pés no chão e na realidade. Enquanto uma queri mudar o mundo, a outra queria preservá-lo em sua perfeição.

O que havia de errado com estas crianças? Apenas o diagnóstico. ambas eram capazes, porém com inteligências múltiplas diferentes. E o mundo precisava das duas. Uma para sonhar, a outra para realizar. Na verdade as duas crianças se completavam mas lhes foi tirado o direito de conviver juntas e ambas foram infelizes por se sentirem incompletas.

Pergunto mais uma vez, quem são estas crianças? Já alerto que esta pergunta não tem por objetivo estabelecer comparações. Na verdade nasce de uma situação real para tentar compor a cena na qual será constituída a cena para analisar a pergunta original.

Um sonho nasce de uma pequena ideia que se instala nas camadas mais internas da mente. Esta pode crescer para definir e para transformar as pessoas. Ela é moderadora, incentivadora, protetora, transformadora. Pela localização, tem o poder de decidir se outras ideias podem ou não entrar. Suas decisões se baseiam na capacidade do próprio fortalecimento ou naquilo que pode ameaçar a sua existência. E se esta ideia tiver por nome esperança. Esperança que dará certo. Esperança que o bem prevalecerá. Esperança que haverá paz. Esperança na superação. Esperança no perdão. Esperança na transformação. Esperança no outro.

Nada fácil será combater esta ideia. Ilusório será pensar que 1% não é suficiente porque com esperança 1% ou muito menos que este valor é mais que suficiente.

Ao sonhar, o ser humano projeta sobre sua existência, cenários distintos dos quais consegue perceber pela utilização dos sentidos de contato. O sonho o colocar diante do passado e dos possíveis futuros. Lhes faz testar hipóteses e prever resultados. Possibilita-lhe escolher dentre 100 possibilidade, a que é mais adequada. Sonhar permite ao ser humano criar e recriar o mundo a sua volta, antes mesmo de sua existência física. Por outro lado lhe expõe aos constituídos por outros sonhadores. Daí precisa do realista, do ritmista e da paciência que o caracteriza para que não se imponha ao sonho dentro do sonho e passe a descrer da própria existência.

A completude das ações humanas, ocorre quando sonhador e realista crescem juntos. Quando um ajuda o outro. Quando se respeitam mutuamente.

Transcrevendo este exemplo não perfeito para a pergunta que deu origem a estas discussões poderia arriscar a dizer que o ser humano ao comporta-ser como sonhador proporcionou a si mesmo e aos seus semelhantes as condições necessárias para o amplo desenvolvimento. Isto ocorreu tão somente quando respeitou o ritmo cadenciado pela natureza no processo de auto-preservação. Na medida em que o ser humano concentra-se na realidade dada e procura interferir o menos possível na natureza surge um processo de aceitação e de atroísmo que contribuem para o despertar de uma inteligência diferenciada da inteligência do sonhador. Esta inteligência, diferentemente da ideia que cresce de dentro para fora, cresce de fora para dentro. O equilíbrio de ambas, define a nossa existência. A supremacia de uma leva-nos à destruição pelas nossas próprias mãos, a supremacia da outra leva-nos a nossa destruição ou a nossa proteção pelas mãos alheias. Este é o estado pleno de Ser criança no auge da inocência.

Por fim e para não terminar:

Felizes são os sonhadores que ao sonhar desejam acordar para escrever e reescrever a realidade e felizes os realistas que diante da realidade não abandonam seus sonhos porque sonhando aprendem novas formas de escrever.




terça-feira, junho 23, 2015

Educação profissional nas escolas públicas do DF: um caminho a ser reconstruído

"O que você vai ser quando crescer?"

As pessoas da minha e de outras gerações certamente responderam a esta pergunta por muitas e muitas vezes. Pergunta esta aparentemente inocente mas carregada de significados que ainda perduram em muitos dos nossos contextos, muito embora revestida de outros argumentos:

  • Qual curso superior você pretende realizar?
  • Em qual universidade pretende estudar?
  • Qual carreira profissional pretende seguir?
  • O que você vai fazer da vida?
  • Onde você pretende está daqui há dez anos?...

Naturalmente, perguntas como estas são contextuais e muitas vezes a pessoa que pergunta tem condições de avaliar a situação real e as estimativas de sucesso da pessoa a quem pergunta. Por outro lado, existe um viés para além do desejo de saber, que é provocar o indivíduo a avaliar o próprio caminho e a sonhar um sonho pautado na construção de cenários.
Neste sentido, a pergunta sobre o que alguém será quando crescer ganha novos significados na medida em que o próprio perguntador tem por objetivo o auxílio na construção de possibilidades.
Perguntar e não querer refletir com a pessoa a quem pergunta é perguntar no vazio. Perguntar e duvidar da resposta dada sem avaliar cenários é perguntar no vazio. Perguntar para julgar improcedente a resposta é mais vazio ainda.
Daí pergunto:
Quais as contribuições que a Educação profissional, uma vez implantada e consolidada, pode trazer para os sujeitos que aprendem no Distrito Federal?
As considerar algo sobre o saber ser, saber fazer, saber conhecer e saber conviver há que se pensar que as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas públicas nem de longe dão conta de ancorar todas as necessidades sociais demandas pelos sujeitos que aprendem em seus processos de formação. Neste sentido muitos profissionais em nosso meio passaram a defender que processos de escolarização desenvolvidos em parceria com processos de profissionalização tendem a proporcionar melhores oportunidades para adolescentes e jovens que necessitam participar do provimento da renda familiar ainda durante a vida estudantil.
Esta realidade, que é cada vez mais acentuada, sobretudo dentre as famílias menos favorecidas vai de encontro aos critérios estabelecidos pelo mercado de trabalho cuja remuneração poderia satisfazer as expectativas dos adolescentes e jovens. A assunção ao mercado de trabalho que proporciona melhores remunerações, está condicionada a um processo de formação muito mais amplo do que a própria escola é capaz de proporcionar. Ou seja, ser, fazer, conhecer e conviver, além de suas inter-relações são saberes construídos através de processos que levam em conta contextos sócio-político-econômico-culturais muitas vezes distantes dos quais os adolescentes e jovens pretendem alcançar e cuja transição não faz se não pelo embate entre os saberes antigos e os novos saberes a serem construídos.
Existem ainda os casos em que os jovens ao se libertarem dos contextos nos quais cresceram e se desenvolveram tendem a negar a própria origem e a incorporar linguagens, traços culturais e propostas condizentes com as novas comunidades das quais passará a fazer parte como se deles pudessem ser arrancadas as marcas que possibilitaram suas assunções ao convívio social em outros contextos.
Para refletir sobre estas e outras questões, apresenta-se, em princípio, alguns dos aspectos a serem considerados em processos de profissionalização nas escolas públicas do DF:

  1. Proporcionar ao sujeito que aprende, condições de interagir com o mundo trabalho no provimento de renda favorável à sobrevivência familiar com esmera dignidade;
  2. Proporcionar ao sujeito que aprende as condições adequadas para que compreenda e seja praticante dos princípios de urbanidade, razoabilidade, probidade, dentre outros, no execício profissional;
  3. Proporcionar ao sujeito que aprende, o despertar para a compreensão acerca da responsabilidade social que fundamenta o seu processo de desenvolvimento profissional, bem como o saber ser praticante desta responsabilidade para com a formação dos seus pares.
A compreensão destas questões vão ao encontro do que se pensa ser parte das responsabilidades a serem assumidas pela escola pública. Esta e apenas esta tem condições de alcançar:
  • O que não tem;
  • O que não pode;
  • O que não sabe;
  • O que não se sente capaz.
No entanto, a Escola Pública, que ora conhecemos permanece em estado de reinvenção. Processos de profissionalização desencadeados a partir de programas desenvolvidos pelo Governo Federal, tem chegado ao DF de forma tão lenta e desgastante que roubam dos educadores o direito de sonhar. Esta demora, em grande medida, alimenta processos de formação equivocados que ora se predispõe a "treinar" pessoas para operar máquinas, comunicar idéias, repassar soluções e ora reafirmam a lógica do subemprego, na medida em que a formação se faz como processo estanque e sem possibilidade de continuação.
Somado ao desafio de iniciar um processo de profissionalização que interaja no progresso da educação básica existe ainda o desafio de pensar sobre como acolher as pessoas não escolarizadas e as pessoas que já concluíram a educação básica e se sentem analfabetos profissionais.
Podemos simplesmente acreditar que as coisas serão resolvidas por si sós ou podemos repensar o modelo de escola que temos.
Mais uma vez afirmo sem afirmar: se existem caminhos possíveis, viáveis e plausíveis para a escola que temos, um deles perpassa pelo saber fazer, por que resulta na satisfação do Ser humano de ser também, o ser que transforma, que intervém, que age; o saber conhecer que afugenta o ser humano da escuridão; o saber conviver que o coloca em harmonia com os outros e, o saber ser, que proporciona significado a sua existência.
Estes saberes nem de longe serão vislumbrados em escolas fragmentadas que se predisponham a construção de saberes como se estes pudessem ser suficientes em si mesmos. Portanto, ao nosso entendimento a escola que temos se aproximaria um pouco mais da escola ideal se passasse a considerar que não podemos formar generalistas, na expectativa que eles mesmos encontrem seus caminhos sem ao menos saberem que "não há caminhos".
A formação de generalistas foi iniciada no momento que se propagou o entendimento de que "formamos as pessoas para a vida" sem refletir sobre as possibilidades que estas pessoas terão ao deixarem a escola.
Ao repensar a escola pública na concepção de proporcionar ao educando o pleno exercício da cidadania faz-se necessário repensar o antes, o durante e o depois, além de como estas etapas da vida humana se articulam com a escola e com o mundo do trabalho.
Sinceramente, não consigo compreender como a escola se propõe à olhar o educando apenas naquele momento de convivência pontual. Esta é a escola fragmentada, que precisa ser reinventada. E a educação profissional, ao nosso entendimento, se encontra nesta linha de reinvenção. Reinvenção porque a profissionalização está imbricada com a escola, mesmo que esta não a reconheça, ou se a reconheça, não a incorpore em suas práticas laborais.

sábado, junho 06, 2015

Teoria da opressão: estratégias para desconstruir a ação do opressor

As minhas experiências de vida levaram-me a vivenciar a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire na situação real e existencial. Com esta tenho procurado combater as ações do opressor sem que isto signifique combater a sua própria pessoa.  Esta carta já está escrita em minha mente há muitos meses mas só agora me foi dada a oportunidade de transcrevê-la para a nossa linguagem.

sexta-feira, junho 05, 2015

PL 867/2015 - Uma "Lei de Papel" na tentativa de reviravolta da Ditadura Militar

Quando vi a chamada do Sindicato dos Professores do Distrito Federal sobre o PL867/2015 de um Deputado Federal, nosso "representante" na Câmara, em princípio imaginei se tratar de um grande exagero dos redatores, mas depois de ler o referido PL revejo-me diante da condição de mais uma vez Oprimido pelo "Estado Democrático de Direito".

domingo, março 08, 2015

Brasil, país em estado de crise de informação.

Já se passaram muitos meses desde quando acessei a um jornal eletrônico via internet ou assisti ao noticiário de televisão e senti firmeza nas palavras do noticiante. Existe algum mistério por traz de cada notícia que nos faz pensar nas mensagens subliminares que se apresentam por trás da mensagem explícita. Não sabemos mais se existe algum político honesto; se a balança comercial está ou não em equilíbrio; se haverá ou não falta de água. Enfim, a velha e boa notícia que sempre nos ajudava a tomar as nossas decisões já não são mais as mesmas. Tudo o que nos informam tem a ver com alguma prática comportamentalista que desejam nos apregoar. Não sei mais se as pessoas que se assentam nas bancadas dos telejornais são jornalistas ou atores. Se estão representando a realidade ou cena de ficção. Até parece que estamos de volta aos tempos da ditadura televisiva, na qual as notícia s continham o conteúdo blindado do Estado, que pintava o governo como salvador e os revolucionários como os destruidores da pátria.

sexta-feira, janeiro 02, 2015

Brasil Pátria Educadora

Nesta quinta-feira, 1º de janeiro de 2015, tomou posse para o exercício do seu segundo mandato presidencial a Excelentíssima Presidenta da República Dilma Rousseff. Em seu discurso de posse realizado no Congresso Nacional a presidenta afirmou que o lema do seu sendo mandato é Brasil Pátria Educadora. Este lema, além do sentido próprio da expressão, impregna-se do significado de que cada ação do governo será imbuída de caráter formativo-educador.