CONSUMIDORES DE NOTÍCIA

O que você é capaz de fazer para se manter informado?

A época atual nos permite tomar conhecimento dos acontecimentos planetários em tempo real. Algumas das notícias disparadas pelos meios de comunicação tornam-me um pouco mais feliz, mas para o meu infortúnios, são muitas as que constrangem o meu sentimento de humanidade. Que escravizam-me no medo e me fazem renegar o desejo da informação.

É impressionante o quanto cada notícia que recebemos tem o poder de alterar o nosso estado de humor. Fazer mudar as batidas do coração. Nos causar sensações de cansaço ou de euforia.

Eu diria que, nos tempos atuais, o desejo do ser humano de se manter informado, superou a sua capacidade de selecionar as informações ou de saber o que é estritamente necessário. Ele sente a necessidade de saber cada detalhe. De ver e rever quantas vezes a imagem for reprizada, até que não tenha mais condições físicas de suportar a dor e o sofrimento que a informação pode causar.

Imaginemos um desses programas policiais da TV aberta, que explora as notícias sobre criminalidade. Falam de criminalidade mas nos intervalos da notícia expõe seus comerciais.

Os comerciais são chatos porque fazem propaganda de 99% de produtos que você já adquiriu ou que não precisa comprar.

Mesmo sendo chatos, os comerciais não chegam a nos fazer sofrer, mas as notícias sim.

Como um mecanismo de defesa, o cérebro se recusa a processar as notícias. Mas como os comerciais causam menos danos cerebrais, eles se mantêm vivos em nossa mente e nos fazem desenvolver o desejo de comprar.

Lembremos que quem paga aos apresentadores e suas equipes jornalísticas são os seus patrocinadores. Que são os comerciantes e donos de marcas. Sem patrocinadores. Sem notícia.

Para que serve mesmo a notícia?

Bendita seja a liberdade de expressão. Que me permite opinar sobre a nefasta dramaticidade que está exposta no cotidiano das pessoas.

Não espero que as desventuras da humanidade sejam colocadas em baixo do tapete. Sei que a propaganda cumpre o seu papel. Mas infelizmente sei que milhões de brasileiros se posicionam diante da televisão para transformarem seus cérebros em consumidores de notícias traduzidas (traídas). Não desenvolvem hábito de leitura e repetem a opinião dos apresentadores de noticiários como se fosse a própria opinião.

Os meios atuais de educação prestam um desserviço a educação brasileira.

Bendita seja a liberdade de expressão. Posso opinar, mas sei que na ditadura do microfone, a minha palavra seria facilmente reduzida ao devaneio de um louco.

Bendita seja a liberdade de expressão. Todos podem falar o que querem e o que pensam, mas sei que apenas os que serão escutados serão os detentores do microfone.

Por fim faço um pergunta à mídia aberta, mesmo sabendo que não me responderá:

Por que os bons programas educativos são transmitidos fora do horário nobre? Aprender não seria melhor do que se manter informado?